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ANÁLISE

Empresas têm que conhecer riscos associados ao câmbio e se proteger

ALEXANDRE CHAIA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O resultado de muitas empresas no terceiro trimestre veio em consonância com o que era esperado pelo mercado, porém algumas apresentam desempenho abaixo do previsto. Parte desse impacto foi causada pela elevação na taxa de câmbio, ocorrida no último mês do trimestre.

Acostumadas a liquidar suas posições de dívidas em dólar americano por uma cotação que oscilou, nos últimos 12 meses, entre R$ 1,60 e

R$ 1,70, as empresas não mantiveram uma política de proteção contínua de suas exposições cambiais.

Com a desvalorização do fim de setembro, que fez o dólar chegar a R$ 1,88, o valor dessas dívidas subiu mais de 10% em comparação com os meses anteriores.

Um exemplo pode ser visto no resultado da Petrobras, que apresentou o menor lucro trimestral dos últimos dois anos e meio. Ainda que menor, porém, o resultado veio em linha com o esperado por analistas do setor de óleo e gás, pois as políticas de proteção cambial da companhia são amplamente conhecidas.

O problema da desvalorização do câmbio na formação das expectativas do mercado ocorre naquelas empresas em que as políticas de exposição e proteção cambiais não são claras e públicas. A ausência da política pode ocorrer pelo desconhecimento da companhia sobre a dimensão de suas exposições.

Por exemplo, em muitos casos, a alta na cotação do dólar pode impactar empresas que não têm passivos cambiais diretamente, mas sim exposições cambiais decorrentes de insumos que são representados por commodities, cotadas em dólar norte-americano.

Assim, na definição de uma política de proteção cambial, é necessário se ater a dois pontos.

O primeiro, e talvez o mais importante, é conhecer profundamente os seus riscos

associados à moeda estrangeira.

O segundo é reconhecer que organização não financeira não é especialista na cotação do dólar americano.

Logo, não deveria procurar antever o que irá acontecer com a cotação de nenhuma moeda, mas manter uma política consistente de proteção cambial.

ALEXANDRE CHAIA é economista e professor de finanças do Insper.

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