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ANÁLISE CITRICULTURA

Setor deve destacar qualidade do suco de laranja em relação a outras bebidas

MAURICIO MENDES
ESPECIAL PARA FOLHA


TODA A CADEIA PRODUTIVA PRECISA BUSCAR SOLUÇÕES PARA A RETOMADA DO CRESCIMENTO

DO CONSUMO DE SUCO DE LARANJA

A produção de laranja nas principais regiões do mundo e o consumo de seu suco foram alvo de discussão no mês passado em conferência realizada na Flórida (maior Estado produtor dos EUA).

Nesse encontro, analistas, consultores e pesquisadores do Brasil, dos Estados Unidos, do México e da China discutiram o futuro da citricultura mundial.

O "greening", a principal doença da citricultura, presente nas principais regiões produtoras do planeta, polarizou as opiniões dos participantes.

Há divergência sobre o assunto. Parte da comunidade técnica e científica preconiza a erradicação das plantas afetadas pelo "greening" para que o mal não prolifere.

No Brasil, isso é lei, embora nem sempre ela seja respeitada. Nos EUA, não há essa obrigatoriedade. Há aqueles que arrancam as plantas sintomáticas e também os que acreditam que isso não seja necessário -esses profissionais defendem ser possível conviver com a doença, desde que haja o reforço nutricional dos pomares.

Trabalhos científicos na China, antiga conhecedora do problema, mostram que a eliminação da fonte de inóculo é o melhor caminho.

Alheia às discussões, a doença avança na Flórida e no cinturão citrícola brasileiro. O último levantamento da Fundecitrus mostrou que 53% de todos os talhões de laranjas de São Paulo e do Triângulo Mineiro estão afetados em maior ou menor grau.

Já na Flórida, os levantamentos oficiais deixaram de ser feitos. Entretanto, Mike Irey, diretor técnico da U.S. Sugar, uma das maiores produtoras de laranjas da Flórida, estima que cerca de 44% dos talhões de cítricos daquele Estado estejam contaminados.

Independentemente da polêmica, a doença é hoje o principal vetor de influência na produção futura de laranjas no mundo. Tom Spreen, da Universidade da Flórida, aponta estabilidade para os próximos três anos, mas hesita ao prever sobre o que ocorrerá depois desse período. Já o Gconci (Grupo de Consultores em Citros) indica para São Paulo queda de produção devido à doença.

Avaliações indicam que as consequências da doença, em termos de produção, ainda estão por vir, pois as plantas afetadas tendem a diminuir sua produtividade com o passar dos anos.

Em tempos de crise financeira mundial, a aversão do consumidor à alta de preços do suco é evidente.

É tempo de toda a cadeia produtiva da laranja -de produtores a embaladores, passando pelas indústrias processadoras-, seja ela do Brasil, dos Estados Unidos ou da Europa, buscar soluções para a retomada do crescimento de consumo do suco.

Isso, sem dúvida, passa por um grande plano de marketing que deve, entre outras coisas, buscar diferenciar esse alimento das coloridas e atrativas bebidas artificiais que tanto encantam crianças e jovens do mundo todo.

MAURICIO MENDES é CEO da Informa Economics FNP, consultor do Grupo de Consultores em Citros e presidente da ABMR&A.

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