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Megaprojeto chinês de moradias atrasa

Meta é construir 10 mi de unidades neste ano; notícia não é boa para produtores de minério de ferro, como a Vale

China também não deverá cumprir a meta de 2012, de construir outros 10 milhões de moradias populares

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

A China admitiu que está longe de cumprir a ambiciosa meta de construir, neste ano, 10 milhões de moradias populares. O atraso reforça relatos de dificuldades no projeto e é uma má notícia para produtores de minério de ferro como a brasileira Vale, que aposta no programa para manter as vendas em alta, apesar da crise econômica.
Um terço das obras previstas ainda está nos trabalhos iniciais, afirmou, em entrevista na semana passada, o vice-ministro da Moradia, Qi Ji. "Devido à preparação apressada, a construção começou um pouco tarde. Estamos exigindo que as fundações sejam construídas até o fim do ano."
Qi admitiu que a China tampouco cumprirá a meta de mais 10 milhões de unidades em 2012, mas não deu uma nova estimativa.
Os números estão no atual Plano Quinquenal (2011-2015) do governo chinês, que prevê a construção de 36 milhões de moradias no período. Se cada casa tiver três pessoas, o projeto seria suficiente para abrigar pouco mais da metade da população brasileira.
Segundo analistas, uma das principais dificuldades do projeto é que até 80% do financiamento vem dos governos locais. Muitos deles, porém, estão com dificuldades de caixa por causa do mercado imobiliário, a principal fonte de renda das grandes e médias cidades.
Ao longo dos últimos anos, as prefeituras, proibidas de cobrar imposto territorial, têm se financiado principalmente por meio da transformação de áreas rurais em urbanas. O sistema gerou grande especulação imobiliária, fomentada pelas poucas opções de investimento no país e pela urbanização.
Nos últimos meses, porém, o governo tem combatido a especulação imobiliária por meio de aperto no crédito e do próprio programa de moradias populares.
O resultado é a queda no preço dos imóveis, alto para os padrões locais, e a desaceleração do setor. Em consequência, os governos locais arrecadam menos.
Para contornar o problema, o governo começou a autorizar cidades a emitir títulos pela primeira vez em quase duas décadas. Os primeiros foram colocados ontem no mercado por Xangai.

MAIOR CONSUMIDOR
A construção civil é o setor que mais contribui para a demanda de minério de ferro chinês, o maior consumidor mundial da commodity.
Em entrevista durante visita à China em agosto, José Carlos Martins, diretor da Vale, estimou que 50% da demanda por aço na China vem da construção.
Segundo ele, o processo de urbanização asiático será o grande motor da demanda nos próximos anos.
A China é o principal cliente da Vale, responsável por 32% das vendas somente no segundo trimestre deste ano.

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