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Ánálise/Preservação
Conservação do ambiente e produção agrícola podem conviver em harmonia
PAULO DE CASTRO MARQUES
ESPECIAL PARA A FOLHA
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil divulgou recentemente que o país mantém 61% de suas terras preservadas, enquanto EUA e União Europeia -apenas para citar dois exemplos importantes- têm no máximo 2% de matas protegidas.
Uma leitura dessa estatística mostra que é perfeitamente possível a convivência da produção eficiente com a preservação ambiental.
Neste ano, o Brasil deve gerar cerca de 9,5 milhões de toneladas de carne bovina, exportando cerca de 2 milhões para 150 países e provendo a população com quase 40 quilos per capita.
Esses números ganham contornos ainda mais fascinantes quando se analisa o crescimento de mais de 50% na oferta de carne vermelha na última década. E ficam ainda mais imponentes imaginando que em 2020 o Brasil deverá produzir mais de 13 milhões de toneladas.
Isso ocorre porque a cada ano a idade média de abate do gado diminui um mês e aumenta em 1 quilo o peso médio do animal. Isso é produtividade.
Há outros exemplos. Em 2000, o rebanho brasileiro contava com 30 milhões de vacas leiteiras, que geravam 20 bilhões de litros de leite. Atualmente, o mesmo número de vacas produz mais de 30 bilhões de litros.
Dados históricos semelhantes também se aplicam à avicultura e à suinocultura, o que significa que todas as mais importantes atividades de produção animal vêm ganhando espaço no PIB.
A eficiência produtiva também vale para a agricultura. Há dez anos, o país produziu 120 milhões de toneladas de grãos em 45 milhões de hectares; neste ano, deve gerar 163 milhões em 50 milhões.
O Brasil já tem papel relevante no cenário global da oferta de alimentos e precisará crescer 40% nos próprios 20 anos para atender às necessidades da crescente população global, estimada em 9 bilhões de pessoas até 2050.
Essa questão ganha ainda mais importância neste momento, quando se discute a questão ambiental versus a produção de alimentos.
Os desafios se renovam e é importante seguir em frente. Não basta ao produtor olhar com orgulho para os números atuais. Ele tem a responsabilidade de continuar investindo em tecnologia e profissionalismo para ofertar mais e melhores alimentos, atento mais do que nunca à sustentabilidade do negócio.
Ressalte-se que não apenas os consumidores internos esperam isso do campo, mas também o mercado externo, claramente sintonizado nos movimentos por aqui e cada vez mais exigente quanto aos processos utilizados na produção de alimentos.
Manejo ambiental eficiente, boas práticas, bem-estar animal e responsabilidade social têm de deixar de ser desafios para se tornarem realidade na pecuária e nas demais atividades produtivas.
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