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Commodities

BCs compram volume recorde de ouro

Em busca de menor risco, instituições adquirem 148 toneladas no terceiro trimestre, a maior compra desde 1988

Período foi marcado pelo agravamento da crise na Europa e nos EUA; demanda para investimento sobe 33%

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

A ameaça de um calote da dívida norte-americana e a piora da crise na Europa, no terceiro trimestre deste ano, intensificaram a corrida de bancos centrais ao ouro.
BCs de vários países compraram, juntos, 148 toneladas do metal entre julho e setembro, segundo relatório do WGC (Conselho Mundial do Ouro), divulgado ontem.
É o maior volume registrado desde 1988, quando as instituições compraram 180 toneladas. No segundo trimestre deste ano, as compras foram de 69 toneladas e, há um ano, somaram 21 toneladas.
Os maiores compradores foram Rússia, Bolívia e Tailândia. Os dados referem-se a compras líquidas, ou seja, já descontadas eventuais vendas por alguns BCs.
Segundo José Luiz Rossi Júnior, professor e pesquisador do Insper, a escolha dos bancos centrais por aplicar em ouro reflete uma busca pela redução do risco e por alta liquidez, ou seja, facilidade na venda do ativo financeiro.
"Os títulos de dívida da Europa e dos EUA eram os prediletos pela maioria dos BCs para compor suas reservas. Mas se percebeu que existe risco no que era considerado como risco zero", afirma.
Com o aumento das incertezas sobre a capacidade dos EUA e de alguns países europeus de honrar o pagamento de suas dívidas, as instituições correram para o ouro -o ativo considerado mais seguro em períodos de crise.
Depois de duas décadas atuando como vendedores de ouro, os bancos centrais se tornaram compradores líquidos do metal no ano passado. A mudança contribuiu para a alta de 21% do metal em um ano. Ontem, a onça-troy (31,1 gramas) era vendida a US$ 1.719 em Nova York.

INVESTIDORES
A demanda total por ouro subiu 6% no terceiro trimestre ante igual período de 2010, para 1.053 toneladas.
A procura do metal para investimento, de 468 toneladas, foi a que mais cresceu: 33%. A Europa foi responsável por 25% desse volume, com aumento de 115%.
Em valor, a demanda dos investidores por ouro atingiu o recorde de US$ 26 bilhões, quase o dobro do verificado no terceiro trimestre de 2010.
Segundo Rossi, além da "segurança" do ouro, a motivação dos investidores está no lucro financeiro.
"O setor privado está atrás de retorno. Observando o próprio movimento dos BCs, os investidores decidem aplicar em ouro esperando aumento de preço. Tem um componente de especulação baseado nesse fundamento."
A demanda das joalherias caiu 10% e ficou em 465 toneladas. A fragilidade da economia mundial, segundo o WGC, afetou o mercado. Já a procura para uso industrial ficou estável.
A oferta mundial de ouro cresceu 2%, para 1.034 toneladas. A produção das minas subiu 5% e compensou as menores vendas pelos BCs.

Com "Financial Times"

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