São Paulo, terça-feira, 01 de março de 2011

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ANÁLISE CITRICULTURA

Produção de laranja no país vai além do Estado de São Paulo

MAURÍCIO MENDES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Não é do conhecimento de muitos, mas a China já é o maior produtor de cítricos do mundo. No entanto, a espécie mais consumida naquele país é a tangerina, deixando para o Brasil o destaque como o maior produtor de laranjas e de suco dessa fruta.
A região Sudeste é o principal polo produtor. Nela, concentra-se 83% da produção nacional e 76% da área plantada. São Paulo é movido pela indústria de suco: mais de 80% da fruta é transformada em suco e exportada.
Mas a importante melhora do poder aquisitivo da população brasileira deve impulsionar o consumo de frutas frescas e tornar mais atraente o cultivo de laranjas e de mais espécies cítricas em outros Estados.
Com uma incrível capacidade de adaptação, o cultivo de cítricos pode ser encontrado em outras regiões do país. Em Capitão Poços, no Pará, por exemplo, observa-se o cultivo comercial de laranjas.
Na outra extremidade, em Montenegro, no Rio Grande do Sul, também há produção de tangerinas de mesa. A variedade de tangerina que leva o nome da cidade -a mexerica montenegrina- tem boa aceitação por consumidores internacionais.
Outro Estado produtor de laranjas em potencial é o Paraná, especialmente a região de Paranavaí. O Paraná apresenta o maior crescimento relativo nos últimos dez anos, saltando de 13 mil para pouco mais de 20 mil hectares de laranjas.
Minas Gerais e Mato Grosso do Sul também possuem boas condições climáticas e terras a preços acessíveis.
Além disso, a localização permite transportar as frutas para o mercado interno ou para indústrias paulistas.
No Nordeste, as tradicionais áreas da Bahia e de Sergipe devem crescer pelo aumento de produtividade, com a adoção de tecnologias como irrigação e produção de mudas em cultivo protegido para, assim, aumentar a rentabilidade de seus citricultores.
As regiões de Petrolina (Pernambuco) e Juazeiro (Bahia) também têm potencial. Embora distantes dos grandes centros comerciais, elas têm a vantagem de não ter limitações fitossanitárias.

NOVO POLO
A melhoria da infraestrutura pode criar um novo polo para a citricultura brasileira.
Atualmente, a produção brasileira está em 450 milhões de caixas de 40,8 quilos, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Estima-se que de 300 milhões a 320 milhões sejam industrializados e entre 4 milhões e 6 milhões sejam exportados como frutas "in natura". O restante seria destinado ao mercado interno.
Sergipe e Bahia são os grandes fornecedores da costa do Nordeste; Pará é o grande produtor do Norte; Rio de Janeiro, Paraná e Minas Gerais são abastecidos pela produção própria, com grande reforço da laranja de São Paulo. Goiás tem feito um bom papel, abastecendo o próprio Estado e o Distrito Federal.
A citricultura brasileira deve ser vista de forma mais ampla. São Paulo é -e continuará sendo- o principal produtor de laranjas, mas há muitas oportunidades pelo país. Bom para a citricultura e bom para o Brasil.

MAURÍCIO MENDES é CEO da AgraFNP, consultor do Grupo de Consultores em Citros e presidente da ABMR&A.


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