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ANÁLISE MILHO
Falta de planejamento afeta sucesso da cadeia produtiva
LEONARDO SOLOGUREN
ESPECIAL PARA A FOLHA
A cadeia produtiva do milho no Brasil atravessa um
período singular em sua história. O quadro atual nos retrata um mercado mundial
em pleno crescimento de
consumo, o que exige aumento das importações por
parte dos países deficitários e
eleva a responsabilidade dos
países exportadores.
Em conjunto, EUA, Argentina e Brasil respondem por
cerca de 80% das vendas
mundiais. Se, por um lado,
tal notícia seria animadora
para o mercado brasileiro,
por outro lado torna as nossas expectativas frustrantes.
A ineficiência de nossa infraestrutura, aliada a uma taxa de câmbio valorizada,
compromete o papel do Brasil no abastecimento global.
Em um cenário no qual a
produção doméstica aumenta, principalmente via crescimento da produtividade, há
um comportamento recorrente de pressão negativa sobre os preços, afetando principalmente os produtores de
baixa e média tecnologia.
Resultado: a necessidade
de intervenção no mercado
por parte do governo torna-se essencial para escoar o excedente de produção e manter os preços em um nível que
possa ser considerado sustentável ao produtor.
O problema é que, em diversas ocasiões, a ajuda do
governo chega atrasada ao
mercado, comprometendo
não apenas a rentabilidade
do produtor, mas também influenciando a decisão de investimento na safra de verão.
No ano agrícola 2009/10, o
Brasil registrou, no verão, a
menor área plantada com milho em sua história.
Todo esse diagnóstico demonstra que o papel do governo deve ser muito mais
amplo do que uma atuação
pontual. Claramente, há a
ausência de um plano estratégico de longo prazo para as
cadeias produtivas, não apenas do milho, mas também
de diversas outras culturas.
O sucesso de nossa atuação no mercado global está
ligado a condições de infraestrutura competitiva, ao
acesso a linhas de crédito cuja taxa de juros seja compatível com a rentabilidade da
atividade, a uma política de
incentivos à produção de insumos -principalmente fertilizantes-, a uma política
efetiva, eficiente e menos burocrática de garantia de preços mínimos, entre outros
tantos fatores que devem ser
considerados para a geração
de competitividade nas cadeias produtivas no Brasil.
Infelizmente, assim como
ocorre em outros setores, no
agrícola o Brasil perde diversas oportunidades no mercado global devido à ausência
de planejamento estratégico.
Nossa visão míope poderá
comprometer o sucesso de
nossas cadeias produtivas.
EDUARDO SOLOGUREN é engenheiro
agrônomo, mestre em economia e
consultor em agronegócio.
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