São Paulo, quarta-feira, 01 de junho de 2011

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Papel da Infraero é dúvida na concessão

Participação da estatal no modelo de privatização dos aeroportos gera estranhamento entre analistas do setor

Receio é o de afastar investidores; sindicato das empresas aéreas diz que não foi consultado sobre o novo modelo

MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO

O anúncio da concessão de aeroportos para a iniciativa privada foi recebido com um misto de ceticismo e euforia por analistas e representantes do setor privado.
A escolha dos aeroportos -Guarulhos, Viracopos e Brasília- e o fato de que o setor privado poderá deter pelo menos 51% da sociedade que terá a concessão foram bem recebidos, inclusive por empreiteiras interessadas no setor aeroportuário.
A grande dúvida, porém, é sobre como se dará a sociedade com a Infraero.
"Será que colocar a Infraero como participante da nova sociedade não vai afastar os investidores?", pergunta Jorge Leal, engenheiro aeronáutico e professor da Escola Politécnica da USP. "Afinal, ela [a Infraero] tem se mostrado muito incompetente."
Por outro lado, o executivo de uma empresa interessada em investir no setor diz que a parceria com a Infraero pode ajudar a vencer resistências corporativistas. O entendimento é que é melhor ter a Infraero como sócia, jogando a favor, do que boicotando o empreendimento.
A atratividade ou não do projeto para o setor privado dependerá dos detalhes que ainda não foram anunciados. As dúvidas são muitas: como se dará a remuneração do investimento? Quais as obrigações por parte da iniciativa privada? Quais as regras para reajuste de tarifas aeroportuária?
Jorge Leal, que considera "alvissareiro" o anúncio da concessão privada, defende que Guarulhos e Viracopos sejam administrados por empresas distintas. "Não dá para ser a mesma empresa, é preciso estimular a concorrência entre os aeroportos."

PRAZO CURTO
Essas questões devem ser esclarecidas no edital de concessão, que o governo prometeu para dezembro. O prazo é curto. Para comparação, o edital do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal, que deverá concedido à iniciativa privada, levou mais de dois anos para ficar pronto.
Publicado no início deste mês, ele não tem despertado o interesse da iniciativa privada pela baixa previsão de retorno financeiro.
O governo também já tinha ventilado outras propostas, como a concessão administrativa para o terceiro terminal de Guarulhos. Mas o modelo também não despertou interesse do setor privado e, aparentemente, foi abandonado pelo governo.

EMPRESAS AÉREAS
As empresas aéreas foram surpreendidas pelo anúncio do governo. Segundo o Snea, sindicato das empresas aéreas, elas nem sequer foram consultadas.
O diretor de relações institucionais da Gol, Alberto Fajerman, ficou surpreso com a decisão do governo de incluir a Infraero de sócia na concessão privada.
Ele diz ainda que a Gol não tem interesse em investir em aeroportos, mas não descarta a possibilidade. "Se precisar participar como minoritário em algum consórcio, podemos avaliar."


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