São Paulo, quinta-feira, 01 de julho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Venda da Vivo vai a tribunal europeu

Governo português veta proposta de € 7,15 bi pela operadora, mas espanhóis aguardam decisão para julho

Acionistas da Portugal Telecom aprovam venda; Telefónica questiona veto e estende oferta

Mario Proença/Bloomberg
Zeinal Bava, presidente da Portugal Telecom, e Henrique Granadeiro, do conselho da empresa, em reunião em Lisboa

JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

Na Copa, o jogo para os portugueses acabou. Já a disputa pelo controle da Vivo entre PT (Portugal Telecom) e Telefónica foi para a prorrogação. Os espanhóis estenderam, ontem, o prazo de sua oferta até 16 de julho.
A tática tem duas explicações. Primeiro, 74% dos acionistas da PT aceitaram vender sua participação na Vivo à Telefónica por € 7,15 bilhões. Eles votaram a oferta ontem em assembleia geral.
Os espanhóis só não levaram a Vivo porque o governo português usou o poder de veto atribuído a suas 500 ações para barrar o negócio.
A manobra do governo se explica pelo peso estratégico da Vivo para a PT, que tem 46% da receita dependente da operadora brasileira.
Mesmo assim, a União Europeia questiona o uso dessas ações, chamadas de "golden share" (ações douradas). Existe uma diretriz europeia contrária à existência desses papéis. No dia 8 de julho, o tribunal da União Europeia decidirá se Portugal deverá ou não abrir mão de suas "golden share".
Por isso, a Telefónica decidiu estender o prazo de sua oferta, na expectativa de que o veto seja derrubado. Diversos outros países europeus já abdicaram desses papéis.
Ao contrário do que dizia o conselho de administração, o "núcleo duro" da operadora, formado pelos acionistas portugueses que vetariam a venda, foi desfeito.
Faziam parte desse time a Caixa Geral de Depósitos, o Banco Espírito Santo e o grupo Ongoing. Juntos, detêm 22% da PT. Mas o "núcleo" acreditava obter 35%, contando outros acionistas portugueses. Ontem, só 26% recusaram a oferta.
Até o Banco Espírito Santo e o Ongoing aceitaram a proposta. Outros acionistas portugueses, como o CTT (Correios de Portugal), chegaram até a criticar o veto do governo em público.
A assembleia contou com 68% dos acionistas, um recorde na PT. A Telefónica foi impedida de votar por conflito de interesse. Isso porque ela é acionista da PT, com 2% de participação. Além disso, é sócia da PT na Vivo, cada uma com 30% das ações.

MANOBRAS
Para conseguir ter sua proposta aceita, a Telefónica fez diversas manobras antes da assembleia.
Antes de elevar a oferta de € 6,5 bilhões para € 7,15 bilhões, os espanhóis tentaram "seduzir" os minoritários pedindo que a assembleia votasse a distribuição de € 900 milhões do dinheiro que seria pago por eles como dividendos aos acionistas.
Depois, venderam 8% das ações da PT que detinham para terceiros comprometidos em votar a seu favor.

FOLHA.com
Ouça comentários sobre o imbróglio da Vivo
folha.com.br/mm759736


Texto Anterior: Mercado Aberto
Próximo Texto: Oferta com 115% de ágio consolidaria Telefónica no país
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.