São Paulo, quinta-feira, 01 de julho de 2010

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Oferta com 115% de ágio consolidaria Telefónica no país

Mercado avalia Vivo em R$ 24 bi, espanhóis, por R$ 53 bi; expansão permite novos pacotes de celular, internet e fixo

Diferença reflete chances de ganhos futuros e redução de investimentos da Telefónica fora de SP

DE SÃO PAULO

Analistas afirmam que a Vivo não vale o que a Telefónica quer pagar à PT (Portugal Telecom) para assumir o controle da operadora brasileira. O ágio é de 115%.
Na Bovespa, a Vivo inteira está avaliada em R$ 24 bilhões, incluindo ações com direito a voto e preferenciais.
"Como os espanhóis estão comprando os 30% da PT na Vivo, estimamos que, para eles, a Vivo toda vale cerca de R$ 53 bilhões", afirma Luciana Leocadio, analista da corretora Activa. "Para o mercado, ela não vale tudo isso."
Os espanhóis não estão queimando dinheiro à toa. A Vivo é a operadora líder do mercado brasileiro de celular, com quase 54 milhões de linhas habilitadas e uma receita anual de R$ 16 bilhões.
Há quase um mês, ela anunciou um plano de expansão de cobertura de internet 3G (terceira geração) para 2.832 municípios. Hoje ela atende 600 com esse serviço. Com o novo plano, que será concluído no final de 2011, ela estará vendendo internet a 85% da população brasileira e terá dimensão para competir com a Oi.
Desde que a Oi adquiriu a Brasil Telecom, em janeiro de 2009, o governo modificou as leis que regem o setor de telecomunicações permitindo que as concessionárias de telefonia possam atuar em território nacional.
A Telefônica continuou restrita a São Paulo (sua área de concessão), por uma questão de investimento.
Especialistas dizem que, para sair de São Paulo, a Telefônica teria de praticamente dobrar seus investimentos em um ano. "Talvez ela possa pagar mais pela Vivo e aproveitar sua infraestrutura (rede móvel) instalada no país para não precisar investir tanto fora de São Paulo", diz Juarez Quadros, sócio da Órion Consultores e ex-ministro das Comunicações.

CONSOLIDAÇÃO
Com a Vivo, a Telefônica passaria a atuar em território nacional e seria a maior operadora em receita e número de clientes. Além disso, conseguiria resolver um dilema.
Hoje os grupos estrangeiros que atuam no país estão passando por um processo de consolidação. Isso significa que eles estão reunindo debaixo de uma mesma empresa suas companhias de telefonia fixa, internet, TV paga e celular.
América Móvil (Embratel, Claro e Net), Oi (Oi e Brasil Telecom) e Telecom Italia (TIM e Intelig) estão avançadas nesse processo, que permite a oferta de pacotes combinados conhecidos como triple-play (três em um) ou quatro em um. Sem isso, a Telefônica não conseguirá ser competitiva. E isso não tem preço.
(JW)


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