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Oferta com 115% de ágio consolidaria Telefónica no país
Mercado avalia Vivo em R$ 24 bi, espanhóis, por R$ 53 bi; expansão permite novos pacotes de celular, internet e fixo
Diferença reflete chances de ganhos futuros e redução de investimentos da Telefónica fora de SP
DE SÃO PAULO
Analistas afirmam que a
Vivo não vale o que a Telefónica quer pagar à PT (Portugal Telecom) para assumir o
controle da operadora brasileira. O ágio é de 115%.
Na Bovespa, a Vivo inteira
está avaliada em R$ 24 bilhões, incluindo ações com
direito a voto e preferenciais.
"Como os espanhóis estão
comprando os 30% da PT na
Vivo, estimamos que, para
eles, a Vivo toda vale cerca de
R$ 53 bilhões", afirma Luciana Leocadio, analista da corretora Activa. "Para o mercado, ela não vale tudo isso."
Os espanhóis não estão
queimando dinheiro à toa. A
Vivo é a operadora líder do
mercado brasileiro de celular, com quase 54 milhões de
linhas habilitadas e uma receita anual de R$ 16 bilhões.
Há quase um mês, ela
anunciou um plano de expansão de cobertura de internet 3G (terceira geração) para
2.832 municípios. Hoje ela
atende 600 com esse serviço.
Com o novo plano, que será
concluído no final de 2011,
ela estará vendendo internet
a 85% da população brasileira e terá dimensão para competir com a Oi.
Desde que a Oi adquiriu a
Brasil Telecom, em janeiro de
2009, o governo modificou as
leis que regem o setor de telecomunicações permitindo
que as concessionárias de telefonia possam atuar em território nacional.
A Telefônica continuou
restrita a São Paulo (sua área
de concessão), por uma
questão de investimento.
Especialistas dizem que,
para sair de São Paulo, a Telefônica teria de praticamente dobrar seus investimentos
em um ano. "Talvez ela possa
pagar mais pela Vivo e aproveitar sua infraestrutura (rede móvel) instalada no país
para não precisar investir
tanto fora de São Paulo", diz
Juarez Quadros, sócio da
Órion Consultores e ex-ministro das Comunicações.
CONSOLIDAÇÃO
Com a Vivo, a Telefônica
passaria a atuar em território
nacional e seria a maior operadora em receita e número
de clientes. Além disso, conseguiria resolver um dilema.
Hoje os grupos estrangeiros que atuam no país estão
passando por um processo
de consolidação. Isso significa que eles estão reunindo
debaixo de uma mesma empresa suas companhias de telefonia fixa, internet, TV paga e celular.
América Móvil (Embratel,
Claro e Net), Oi (Oi e Brasil
Telecom) e Telecom Italia
(TIM e Intelig) estão avançadas nesse processo, que permite a oferta de pacotes combinados conhecidos como
triple-play (três em um) ou
quatro em um. Sem isso, a
Telefônica não conseguirá
ser competitiva. E isso não
tem preço.
(JW)
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