São Paulo, quinta-feira, 01 de julho de 2010

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América do Sul fará aliança em internet

Países negociam projeto para interligar rede de banda larga; Brasil quer transformar a Oi na operadora regional

Ideia é ampliar oferta e criar uma alternativa ao domínio de dois grupos de internet: Telefónica e América Móvil

ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A SANTIAGO

Brasil, Chile, Uruguai, Argentina e Peru articulam aliança para elevar a oferta e baratear o custo da banda larga em toda a América do Sul. A aliança começou a ser costurada, na semana passada, em um encontro reservado entre representantes dos cinco países, no hotel Maksoud Plaza, em São Paulo.
Segundo o subsecretário de Telecomunicações do Chile, Jorge Atton, que esteve no encontro, a ideia é construir uma rede de transmissão de dados que interligue a Europa à América do Sul e que tenha portas de entrada em todas as capitais do países.
Atton disse que o governo brasileiro trabalha para que a Oi se torne operadora com atuação regional em toda a América do Sul. Ele disse que não vê problema em que a Oi desempenhe esse papel, atuando em cada país em parceria com uma operadora controlada por capital local.

DUOPÓLIO
Do México à Argentina, segundo o subsecretário, a banda larga está nas mãos de dois grupos: Telefónica (de controle espanhol) e América Móvil, do megaempresário mexicano Carlos Slim, que no Brasil controla Embratel, Claro e é acionista da operadora de TV a cabo Net.
"Queremos uma alternativa ao duopólio", disse Atton.
Para o governo chileno, o custo da banda larga é muito elevado na América do Sul em razão, sobretudo, do alto custo da conexão internacional, o que ele também atribuiu à falta de oferta de infraestrutura. Hoje, não há conexão direta entre os países da região, cuja transmissão de dados passa pelos EUA.
Segundo Atton, a conexão internacional representa 40% do custo do acesso à internet. Entre a Europa e a América do Sul, há só dois cabos de interligação. Já a América do Norte se conecta com 20 cabos à Europa.
Atton fala com conhecimento de causa sobre as práticas das empresas de telecomunicações. Até assumir o cargo no governo, em 2009, era presidente da empresa de telefonia chilena Telefónica del Sur. O Chile é o país da região onde há maior competição nesse setor.
Segundo ele, o Brasil tinha dois representantes no encontro em São Paulo -o assessor especial da Presidência da República César Alvarez e o secretário do Ministério das Comunicações, Roberto Pinto Martins-, que teriam deixado claro que o governo brasileiro encara as telecomunicações como setor estratégico para a região.
O próximo passo para o plano articulado em São Paulo seguir adiante será cada governo fazer o levantamento das necessidades de demanda de seu país -levando em conta os projetos governamentais de universalização do acesso à internet, como os de conexão de escolas, hospitais e delegacias em banda larga.
A repórter ELVIRA LOBATO viajou a Santiago a convite Futurecom


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