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América do Sul fará aliança em internet
Países negociam projeto para interligar rede de banda larga; Brasil quer transformar a Oi na operadora regional
Ideia é ampliar oferta e criar uma alternativa ao domínio de dois grupos de internet: Telefónica
e América Móvil
ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A SANTIAGO
Brasil, Chile, Uruguai, Argentina e Peru articulam
aliança para elevar a oferta e
baratear o custo da banda
larga em toda a América do
Sul. A aliança começou a ser
costurada, na semana passada, em um encontro reservado entre representantes dos
cinco países, no hotel Maksoud Plaza, em São Paulo.
Segundo o subsecretário
de Telecomunicações do Chile, Jorge Atton, que esteve no
encontro, a ideia é construir
uma rede de transmissão de
dados que interligue a Europa à América do Sul e que tenha portas de entrada em todas as capitais do países.
Atton disse que o governo
brasileiro trabalha para que a
Oi se torne operadora com
atuação regional em toda a
América do Sul. Ele disse que
não vê problema em que a Oi
desempenhe esse papel,
atuando em cada país em
parceria com uma operadora
controlada por capital local.
DUOPÓLIO
Do México à Argentina, segundo o subsecretário, a
banda larga está nas mãos de
dois grupos: Telefónica (de
controle espanhol) e América Móvil, do megaempresário mexicano Carlos Slim,
que no Brasil controla Embratel, Claro e é acionista da
operadora de TV a cabo Net.
"Queremos uma alternativa ao duopólio", disse Atton.
Para o governo chileno, o
custo da banda larga é muito
elevado na América do Sul
em razão, sobretudo, do alto
custo da conexão internacional, o que ele também atribuiu à falta de oferta de infraestrutura. Hoje, não há conexão direta entre os países
da região, cuja transmissão
de dados passa pelos EUA.
Segundo Atton, a conexão
internacional representa
40% do custo do acesso à internet. Entre a Europa e a
América do Sul, há só dois
cabos de interligação. Já a
América do Norte se conecta
com 20 cabos à Europa.
Atton fala com conhecimento de causa sobre as práticas das empresas de telecomunicações. Até assumir o
cargo no governo, em 2009,
era presidente da empresa de
telefonia chilena Telefónica
del Sur. O Chile é o país da região onde há maior competição nesse setor.
Segundo ele, o Brasil tinha
dois representantes no encontro em São Paulo -o assessor especial da Presidência da República César Alvarez e o secretário do Ministério das Comunicações, Roberto Pinto Martins-, que teriam deixado claro que o governo brasileiro encara as telecomunicações como setor
estratégico para a região.
O próximo passo para o
plano articulado em São Paulo seguir adiante será cada
governo fazer o levantamento das necessidades de demanda de seu país -levando
em conta os projetos governamentais de universalização do acesso à internet, como os de conexão de escolas,
hospitais e delegacias em
banda larga.
A repórter ELVIRA LOBATO viajou a Santiago a convite Futurecom
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