São Paulo, quarta-feira, 01 de setembro de 2010

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No Rio, empobrecimento reduz diferença com favela

Taxa de pobreza caiu na favela, mas cresceu nas demais áreas, com queda na distância, diz economista da FGV

JANAINA LAGE
DO RIO

O empobrecimento da cidade do Rio de Janeiro ajudou a reduzir parte da distância entre moradores das favelas e das demais áreas, mostra pesquisa divulgada ontem pelo economista Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da FGV (Fundação Getulio Vargas).
De acordo com a pesquisa, o Rio andou na contramão do país. No período de 1996 a 2008, a taxa de pobreza do Brasil teve queda acentuada e passou de 28,82% para 16,02%. De modo geral, o Rio de Janeiro registrou um aumento de pobreza nos 12 anos retratados na pesquisa e chegou a 10,18% em 2008, ante 9,61% em 1996.
Os resultados mostram redução da taxa de pobreza nas favelas -de 18,58% para 15,07%. Nas demais áreas da cidade, a proporção de pobres subiu de 7,87% para 9,43%. As estatísticas consideram a linha de pobreza da FGV, de R$ 140 mensais.
"A pesquisa mostra uma redução das diferenças, mas isso ocorreu mais pela piora das demais áreas do que pela melhora nas favelas. O principal problema das favelas ainda é a ausência do Estado, seja em educação, transferência de renda ou segurança", disse.
Ainda assim, mesmo que fosse mantida ao longo do tempo a tendência de queda na renda dos moradores de outras áreas da cidade e de leve recuperação entre os moradores da favela, seriam necessários 60 anos para equiparar os rendimentos.
A conta feita por Neri considera a renda total, que inclui salários, aluguéis e transferências de renda do Estado, entre outras fontes.

DISTÂNCIA
Nos últimos anos caiu a distância entre essas partes da cidade, mas, em geral, os moradores da favela ainda ganham menos da metade que os demais. "A desigualdade carioca não mudou nos últimos 12 anos e é hoje maior que a brasileira", diz.
O parâmetro usado na comparação é o índice de Gini, que varia de 0 a 1-quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade.
O índice do Rio ficou em 0,5764 em 2008, patamar praticamente igual ao de 1996. O índice do Brasil recuou nesse período de 0,602 para 0,549.


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