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ANÁLISE
Resultado indica o fim da fase de acomodação, com alta moderada
FERNANDO SAMPAIO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Depois de ter atingido um
"pico" histórico em março, a
partir de abril a produção da
indústria brasileira refluiu
claramente.
Esse refluxo do setor industrial era previsível (embora muitos tenham subestimado a sua intensidade).
O dinamismo da produção
vinha sendo reforçado por
movimentos fortes, porém
transitórios, de antecipação
de compras de bens de consumo duráveis -induzida
pelas reduções de IPI que se
encerraram ao final de março- e de recomposição de estoques industriais (que foram drasticamente reduzidos no período em que o crédito se manteve travado).
A diluição desses movimentos deve ter levado o PIB
da indústria -que no primeiro trimestre cresceu 4,2% sobre o quarto trimestre de
2009 (taxa que corresponde a
impressionantes 18% ao
ano)- a uma pequena queda
no segundo trimestre.
A divulgação dos números
do PIB do período abril-junho na próxima sexta-feira
deverá, portanto, revelar que
a indústria liderou a desaceleração da economia (estimamos que o PIB tenha tido
alta de 0,7% sobre janeiro-março, bem abaixo dos 2,7%
que foram apurados no primeiro trimestre).
NOVA FASE
A alta de 0,4% da produção da indústria na passagem de junho para julho, para a qual contribuíram 17 dos
27 segmentos industriais
contemplados no levantamento do IBGE, sinaliza que
o período de "acomodação"
da atividade econômica deve
ter ficado para trás.
Há condições para que o
consumo e o investimento sigam em alta, mas a um ritmo
bem mais moderado do que
se observou na virada de
2009 para 2010.
Mudanças na ênfase da
política econômica são um
dos elementos que apontam
para essa perspectiva.
O efeito, sobre a demanda
interna, dos aumentos de recolhimentos compulsórios e
da taxa básica de juros determinados a partir de março
ainda não se fez sentir plenamente.
E o investimento público,
que foi antecipado para o primeiro semestre devido à legislação eleitoral, deverá se
desacelerar.
Ao lado disso, o ritmo de
alta das importações volta a
superar amplamente o das
exportações, conferindo às
operações de comércio exterior relevante impacto contracionista sobre o PIB.
FERNANDO SAMPAIO, economista, é
sócio-diretor da LCA Consultores.
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