São Paulo, quinta-feira, 01 de setembro de 2011

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Teles querem taxar 'uso pesado' na rede

Operadoras pedem que Anatel permita cobrança de recordistas em tráfego na internet, como Google ou Apple

Redes sociais e sites de vídeos seriam taxados; teles dizem que sistema está muito saturado e querem dividir a conta


JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

As operadoras estão se articulando para convencer a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) a permitir que elas possam cobrar a mais de clientes que usam a internet de forma abusiva.
As teles também querem cobrar uma "taxa" de empresas como Google, Microsoft, Apple e Facebook. Motivo: essas companhias lançaram produtos e serviços que estão fazendo o tráfego de dados atingir níveis que podem levar as redes à saturação.
Por isso, as operadoras querem fazer a "gestão desse tráfego" e compartilhar investimentos por meio do pagamento dessa "taxa".
Para elas, não é justo que empresas cujo modelo de negócio se sustenta em acessos em suas redes faturem às suas custas sem colaborar com o desenvolvimento da infraestrutura do país.
Esse debate não é novo em outros países. Segundo uma das operadoras consultadas, somente na Europa, as teles investiram quase 10% de sua receita anual em rede. Empresas de internet, como o Google, investiram 0,25% do faturamento. Entre as empresas de tecnologia, como a Apple, esse índice foi de 0,86%.
O faturamento dessas empresas já supera o de empresas de telecomunicações.
Hoje as operadoras no Brasil estão proibidas de cobrar a mais -tanto de consumidores "heavy users" (aqueles que passam o dia conectados baixando filmes, seriados e vídeos), quanto de empresas como Google e Apple, que geram conteúdos que levam os usuários a ficarem conectados mais tempo à rede.
Essas regras estão sendo discutidas na Anatel, que não pretende abrir exceções, permitindo que as teles fixas façam "gestão" -redução de velocidade de conexão de quem estoura o limite de dados-, prática comum entre operadoras móveis nos pacotes com limite de download.
A Folha ouviu empresas envolvidas na elaboração da proposta. Elas já começaram a fazer estudos para definir esse novo modelo de negócio.
As operadoras já afirmam que, sem flexibilização, haverá aumento de preços. Mas ainda não sabem estimar de quanto será. Pacotes ilimitados só seriam possíveis nas novas redes de fibras ópticas.
A Apple não quis comentar o assunto.
O Google diz que qualquer provedor de plataformas já paga um valor expressivo pelo uso das redes. Além disso, produtos e serviços como YouTube ou iTunes, da Apple, alavancam as teles porque estimulam o consumo de dados. Não haveria, portanto, motivo para a cobrança.


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