São Paulo, quinta-feira, 01 de setembro de 2011 |
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ANÁLISE Governo federal vai precisar ir muito além ao abordar tema JUAREZ QUADROS DO NASCIMENTO ESPECIAL PARA A FOLHA A questão da neutralidade de redes surge na ocasião em que as teles (telefonia fixa, móvel e TV por assinatura), que se preparam para ser as grandes provedoras de banda larga (as telecomunicações do futuro), tentam estabelecer limites de qualidade para o conteúdo ou cobrar a mais dos clientes. Assim, funcionariam de forma mais eficiente em suas redes. Porém, se tal acontece, a rede deixa de ser neutra. O avanço do tráfego nessas redes ocorre conjuntamente com as redes sociais, como Facebook, Orkut e Twitter, e também é oportuno para as empresas de internet, como Google, Microsoft e Yahoo!, conquistarem mais espaço. Uma alternativa seria essas empresas também participarem dos investimentos, em contrapartida ao tráfego demandado por elas. Além do mais, felizmente, cresce pelo mundo a importância de assegurar ao cidadão o acesso à internet como um direito básico civil -como já feito na Finlândia. Nesse contexto, Don Tapscott, escritor canadense autor de "Macrowikinomics", diz: "Não vivemos a era da informação, vivemos a era da inteligência conectada". Na vida digital, a internet móvel se funde com a fixa e trafegam sem controle sobre conteúdos. Some-se a isso a condição de que o preço da banda larga diminui a cada ano, se avaliado em relação à capacidade ofertada, pois na economia digital a tecnologia é uma commodity, que custa menos à medida que passa o tempo. E a oferta de pacotes segue forte impulsionando a venda de banda larga. Entretanto, a demanda crescente por banda larga obriga as teles a investir, habilitando suas redes para maior tráfego, sem que, em alguns casos, lhes renda bons resultados econômicos. Em complementaridade, é aí que o Estado deve atuar com estímulos como fazem vários países (Austrália, Estados Unidos, Europa como um todo, e outros). Nesse cenário, os investimentos no país pelas teles acentuam-se em banda larga. Ao mesmo tempo, as empresas de internet conquistam espaço em contraposição àquelas, que, ao investir, não querem se tornar apenas provedoras de dutos para o tráfego de dados. O governo brasileiro terá de ir muito além das decisões tomadas até agora, mas sem prescindir da neutralidade de rede que precisa prosperar. A internet pode e deve continuar democrática, assegurando isonomia de tratamento aos seus conteúdos. JUAREZ QUADROS DO NASCIMENTO, é sócio da Orion Consultores Associados e ex-ministro das Comunicações. Texto Anterior: Empresas são contrárias a "velocímetro" Próximo Texto: Teles estudam estratégia para controlar a Eletronet Índice | Comunicar Erros |
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