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Conta de luz vai ficar mais cara no país
Estudo indica que preço da energia elétrica no Brasil, já um dos mais elevados do mundo, subirá 30% em 5 anos
Aumento de produção de térmicas, mais caras, e renovação dos contratos de concessão são motivos para a alta
AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO
FABIA PRATES
DO RIO
A conta de luz dos consumidores brasileiros deve subir, em média, 30% nos próximos cinco anos. O cálculo é
da PSR Consultoria, uma das
principais empresas de estudos e análises de tendências
do setor elétrico brasileiro.
Confirmada essa perspectiva, a energia no Brasil pode
se consolidar na posição de
mais cara do mundo, conforme já revelou recentemente
reportagem da Folha.
A afirmação foi feita durante o 7º Enase (Encontro
Nacional dos Agentes do Setor Elétrico), que ocorreu ontem no Rio de Janeiro.
A situação pode agravar
um paradoxo. Apesar de o
Brasil ser um dos líderes
mundiais em geração de
energia hidrelétrica, possui
uma das tarifas mais altas.
Na literatura do setor, parques de geração hidrelétrica
são sempre opção para oferta
de energia mais barata.
Segundo Mário Veiga, presidente da consultoria, nesse
horizonte de tempo a elevação das tarifas para os consumidores brasileiros (atendidos por distribuidoras como
AES Eletropaulo, CPFL, Cemig, Cemar ou Ligth) ocorrerá por duas razões.
Devido à recontratação da
energia de usinas cuja concessão vence entre os anos
de 2013 e 2014 e também em
razão do aumento da produção de energia de fontes termelétricas, como o gás natural -mais caras e mais poluentes do que a hidrelétrica.
O estudo da PSR, diz Veiga, foi feito a partir de "projeção detalhada" de demanda
das 17 maiores distribuidoras
de energia elétrica do país.
Para o governo, a primeira
razão apontada pela PSR, ao
contrário, poderá ajudá-lo a
reduzir a tarifa para os consumidores.
"É um estudo baseado em
premissas que ficam uma interrogação. Dependendo da
premissa, um mesmo estudo
pode chegar a resultados diferentes", disse o ministro de
Minas e Energia, Marcio Zimmerman, no evento.
Segundo ele, a tendência é
de redução dos custos de geração de energia elétrica no
Brasil. "Eu tenho feito sempre declarações otimistas
com relação a tendências de
custos cadentes", apontou.
Como a solução para o problema do fim das concessões
das hidrelétricas ainda é uma
incógnita, o mercado tem dúvidas de que o governo consiga usar esse processo (de renovação das concessões ou
de abertura de nova licitação) para baixar as tarifas. O
assunto só será decidido pelo
próximo presidente.
Quanto ao aumento da geração de energia de termelétricas, a situação é mais clara. A demanda por energia
no Brasil é crescente. Como a
maior parte do parque gerador é de fonte hídrica, o país é
muito dependente de bons
períodos de chuva.
Se durante um ano o volume de chuvas for inferior ao
necessário, a situação já poderá ficar complicada. Dessa
forma, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico,
órgão responsável por determinar quem gera energia para abastecer o país) pode
acionar as termelétricas para
poupar água nos reservatórios. E é o que tem feito.
Segundo Veiga, o governo
subestima o acionamento
das térmicas no momento em
que são contratadas nos leilões. "Para o leilão, o governo faz uma hipótese de acionamento dessas termelétrica, mas, na vida real, essas
usinas são acionadas com
muito mais frequência."
CUSTO EXTRA
A geração térmica usada
para economia da água nos
reservatórios já redundou em
custo de R$ 700 milhões e,
segundo estimativa da PSR,
pode alcançar R$ 1 bilhão.
A Abrace, associação que
reúne os grandes consumidores de energia, afirma que
até setembro essa conta já estava em R$ 1,1 bilhão.
O setor industrial tem criticado esse sistema. Alega que
essa conta tem ficado alta e
imprevisível, o que começa a
criar problemas para o provisionamento nos balanços.
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