São Paulo, terça-feira, 01 de novembro de 2011

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ANÁLISE VAREJO

Cartão propicia saber mais sobre quem compra

Informação ganha importância com a dilatação da classe média, famílias com renda entre 4 e 10 salários mínimos

Fernando Martinho - 7.jun.11/Paralaxis/Folhapress
Seção de roupas e artigos femininos em loja de departamentos de shopping na zona oeste da cidade de São Paulo

CLAUDIO FELISONI DE ANGELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Qualquer iniciativa sempre envolve algum custo. A escolha de produtos e serviços não é diferente. Ao valor monetário que se paga é preciso adicionar muitos outros elementos que compõem de modo abrangente o preço pago pela escolha realizada.
A compra de um eletrodoméstico, por exemplo, implica um custo de aquisição correspondente ao montante pago pelo produto adicionado do valor do tempo gasto com pesquisas e deslocamentos para efetivar a transação.
Ocorre que nos últimos 30 anos o custo do tempo vem declinando dramaticamente. Ou seja, a informação que orienta a decisão de compra está quase sempre disponível em frações de segundo.
Com a rapidez do fluxo de informações, é absolutamente natural que a oferta se torne cada vez mais genérica. De outro modo, produtos e serviços se tornam assemelhados aos olhos do consumidor.
Qual a consequência desse fenômeno? A resultante desse processo não poderia ser outra senão a redução das margens induzida pelo próprio aumento da competição.
Para fazer frente a esse processo, as empresas procuram compensar a perda das margens com o aumento da participação de mercado. Em decorrência disso, crescem a concentração e a superposição das vendas em diferentes canais de distribuição.
A expansão do uso dos cartões com a marca da empresa varejista ("private label") é mais uma dimensão desse ambiente. Inicialmente lançados com o propósito de criar ligações mais duradouras com o consumidor, os cartões têm assumido um papel ainda mais importante como caixa de ressonância dos hábitos de compra dos indivíduos e das famílias.
Tendo em vista que os consumidores percebem uma oferta diversificada e bastante indiferenciada no plano exclusivo dos atributos que compõem os itens comercializados, a fidelidade desejada pelo varejista é quase uma miragem: muito desejada, porém irreal.

CONHECIMENTO
Desse modo, embora o cartão com a marca do varejista não estabeleça esse elo forte entre quem vende e quem compra, permite ao primeiro conhecer com mais amplitude o modo pelo qual o segundo exerce suas escolhas.
Esse é um ativo nada desprezível, principalmente, com a dilatação da classe média brasileira (entre quatro e dez salários mínimos). Conhecer esses hábitos permite que se ajuste a operação às necessidades dos indivíduos, melhorando com isso o posicionamento competitivo da empresa comercial.
O preço pago por esse movimento em geral compensa, embora o consumidor, esse infiel, valha-se, não raro, do cartão da emissora para dar suas -muitas ou poucas- escapadelas pela concorrência.

CLAUDIO FELISONI DE ANGELO é presidente do conselho do Provar (Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração)


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