São Paulo, quarta-feira, 02 de fevereiro de 2011

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Fundo Garantidor assume perda de R$ 3,35 bi

TONI SCIARRETTA
MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO

O Fundo Garantidor de Créditos, instituição privada que recebe 0,15% dos depósitos nos bancos, arcará sozinho com uma perda de cerca de R$ 3,35 bilhões no socorro ao PanAmericano.
Segundo Gabriel Jorge Ferreira, presidente do conselho do Fundo, esse valor já foi provisionado, mas poderá ser recuperado em um prazo de 17 anos -período em que o banco BTG Pactual deve pagar os R$ 450 milhões acertados pela compra da participação do empresário Silvio Santos no banco.
O dinheiro pago pelo Pactual a Silvio Santos vai diretamente para o fundo.
O problema é que, mesmo com juros anuais de 13%, R$ 450 milhões em 2011 não serão R$ 3,8 bilhões daqui a 17 anos; no mínimo, o fundo perderá com o "congelamento" desse valor aportado para socorrer o PanAmericano.
Se não viabilizasse a operação, diz Jorge, o PanAmericano seria liquidado. O Fundo, então, perderia tanto os R$ 2,5 bilhões utilizados no primeiro socorro, em novembro, quanto cerca de R$ 2,2 bilhões com o ressarcimento aos investidores que compraram CDBs do banco.
"Estamos falando em R$ 4,7 bilhões. Fizemos isso pelo melhor interesse de todos. Foi um socorro privado; não teve dinheiro público envolvido, como no passado."
Mesmo com a perda de R$ 3,35 bilhões com socorro, o fundo tem ainda um patrimônio de R$ 26 bilhões.
Gabriel Jorge descarta a possibilidade de o fundo receber aportes adicionais dos bancos ou de elevar as contribuições dos correntistas.
Para analistas, a conta só fecha para o Pactual e para a Caixa -que devem injetar dinheiro novo no PanAmericano- com uma forte renúncia fiscal do governo, assumida na forma de crédito tributário por anos seguidos de prejuízo com a operação.
Os principais beneficiados com o socorro do FGC foram os bancos que haviam comprado carteiras de crédito do PanAmericano: Banco do Brasil, Bradesco e Itaú. As três instituições são as mesmas que comandam o fundo.
Banqueiros como Roberto Setubal, do Itaú, eram contra o socorro -ele foi voto vencido e convencido de que a quebra do PanAmericano poderia prejudicar outros dez bancos pequenos.


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