São Paulo, quarta-feira, 02 de fevereiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ANÁLISE

Reação ao caso PanAmericano reforça confiança do mercado

LUIS MIGUEL SANTACREU
ESPECIAL PARA A FOLHA

Se, no primeiro momento, o caso PanAmericano paralisou as vendas de carteiras de crédito, após a reação do mercado às fraudes no balanço do banco ele teve efeitos benéficos para aperfeiçoar esse segmento no país.
O mecanismo, baseado na compra e na venda do direito de receber, futuramente, volumes emprestados por instituições, tem efeito multiplicador, ampliando a capacidade dos bancos de emprestar. A prática, pois, estimula o crédito que financia o consumo da classe média.
Quando foi descoberta a fraude na contabilização das carteiras de crédito vendidas pelo PanAmericano, que permaneciam no balanço mesmo depois de já terem sido repassadas, a intervenção do Fundo Garantidor de Créditos impediu que o banco quebrasse e que instituições que dependiam dos volumes a receber fossem prejudicadas.
Apesar de o resgate ter impedido a derrocada do mercado de venda de carteiras no país, a confiança na lisura desse processo foi profundamente abalada.
Como consequência, os volumes comercializados nesse mercado de cessões de crédito despencaram, os juros subiram e muitas instituições que tinham modelo de negócio focado na compra e na venda de carteiras ficaram sem condições de continuar emprestando recursos.
A entrada do BTG Pactual e a permanência da Caixa Econômica Federal, sem que o PanAmericano fosse liquidado, conferem continuidade ao mercado e evitam que o sistema de venda de carteiras seja punido.
Além disso, logo após o resgate do PanAmericano, que ocorreu no final do ano passado, os bancos, entre si, entenderam que, para que o elo de confiança fosse restabelecido, seria necessário que houvesse uma entidade no país responsável por fazer a checagem das carteiras.
Criou-se, então, a Central de Cessão de Crédito.
A nova estrutura fará parte, a partir do dia 1º de março, da Câmara Interbancária de Pagamentos, ligada à Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
O objetivo é criar mais um mecanismo de controle, para além do que é feito pelo Banco Central e pelos auditores contratados pelas próprias instituições.
O reforço do monitoramento mantém os benefícios que o mercado de securitização vinha promovendo no país, que é o de fazer com que o crédito chegue realmente a quem precisa.
Com mais supervisão e confiança entre os agentes, impede-se que pare a roda que está fazendo com que o crédito chegue a parcela importante da população.


LUIS MIGUEL SANTACREU é analista de instituições financeiras da Austin Rating.


Texto Anterior: "Caixa não colocará dinheiro no banco"
Próximo Texto: Fundo Garantidor assume perda de R$ 3,35 bi
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.