São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2011

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Após caso Pan, Caixa deve mudar cúpula

Com imagem arranhada depois de episódio com ex-banco de Silvio, Maria Fernanda Coelho pede para deixar comando

Mudanças devem envolver mais 2 vices, inclusive o responsável por negociar aquisição do PanAmericano


SHEILA D'AMORIM
VALDO CRUZ

DE BRASÍLIA

Quase quatro meses depois de as fraudes no Pan- Americano se tornarem públicas, a cúpula da Caixa Econômica Federal deve ser trocada. As negociações ocorrem num momento em que o PMDB reivindica cargos no banco, como as vice-presidências de Pessoa Jurídica e de Fundos e Loterias.
As mudanças podem envolver a presidente, Maria Fernanda Ramos Coelho, e dois vices: Márcio Percival (Finanças) e Marcos Vasconcelos (Controle e Risco).
Percival também preside a empresa criada para comprar participações em outras instituições (a CaixaPar). Foi o responsável pela aquisição de quase metade do Pan- Americano, por R$ 739 milhões, em novembro de 2009.
Segundo a Folha apurou, Maria Fernanda não se sente mais confortável no cargo após o episódio do PanAmericano. Apesar de o governo ter conseguido evitar a quebra do banco -num acerto que envolveu o ex-controlador Silvio Santos, um fundo bancado por instituições privadas (FGC) e a Caixa-, ela ficou com a imagem arranhada no mercado financeiro.

EM ABERTO
A saída encontrada para o PanAmericano -a venda para o BTG Pactual após empréstimo de quase R$ 4 bilhões do FGC- não encerrou o caso. A contabilidade do banco referente ao segundo semestre de 2010, período em que a fraude foi descoberta, não foi passada a limpo pela administração que o assumiu após o escândalo.
Até o final deste mês, a Caixa terá que digerir os números, já que o banco que foi de Silvio Santos será devidamente incorporado pela instituição oficial no balanço do primeiro trimestre deste ano.
Maria Fernanda já conversou com Dilma Rousseff. Segundo pessoas que participam das negociações, ainda não foi batido o martelo sobre sua saída. Até agora, porém, ninguém do governo parece tê-la convencido a ficar no cargo.
O Planalto recebeu em fevereiro o recado sobre o desejo de Maria Fernanda de deixar a CEF. A ideia ainda é tentar convencê-la a ficar no cargo, mas interlocutores da presidente também buscam alternativas.
Percival, porém, não deve mesmo seguir na instituição. Segundo pessoas próximas, ele já se prepara para voltar a dar aulas em Campinas.
A situação dele é mais complicada porque foi quem negociou diretamente a compra do PanAmericano. Na época, o acerto foi comemorado como um grande feito. A Caixa levou quase nove meses para conseguir fechar a primeira operação da CaixaPar. A justificativa para a demora foi a necessidade de fazer uma boa avaliação da instituição antes da compra.
Nos corredores do banco estatal, dizia-se que era o momento de "ir às compras" e ganhar mercado, já que havia muitas instituições baratas à venda. Isso porque, após a crise de 2008, bancos pequenos e médios como o Pan ficaram com dificuldades de caixa. Eles não conseguiam captar dinheiro.
A saída de Marcos Vasconcelos já havia sido acertada a pedido e, segundo assessores do governo, não teria relação direta com o caso PanAmericano.


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