São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2011

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ANÁLISE MINÉRIOS

Mineração mapeia emissão de gases de efeito estufa no país

PAULO CAMILLO VARGAS PENNA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O setor produtivo nacional tem pela frente uma série de providências para assegurar participação em uma economia de baixo carbono e outros gases.
Alguns segmentos, como a siderurgia e o de produção de cimento, já foram chamados pelo governo federal para negociar metas de redução de emissão de gases de efeito estufa.
Ainda neste ano, será a vez da mineração, que se antecipa ao compromisso oficial e elabora o mapeamento setorial de suas emissões.
Não é uma negociação simples. O tema ainda é pouco conhecido pela sociedade brasileira, especialmente pelo setor produtivo, tanto que é tratado como uma agenda puramente ambiental, quando está mais afeita à área econômico-financeira das empresas.
Além de contribuir para minimizar os efeitos da emissão dos gases de efeito estufa nas mudanças climáticas, a indústria mineral está atenta ao que os níveis dessa liberação de gases podem vir a representar: uma barreira comercial aos produtos fabricados no país com emissão acima do tolerável.
O mapeamento conduzido pelo Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração) abrange a emissão de empresas, que respondem por 80% da produção de minérios e por 90% da produção brasileira em valores, tendo como base o ano de 2008.
A Política Nacional sobre Mudanças Climáticas (lei nº 12.187/2009) estabelece o compromisso voluntário do governo brasileiro de reduzir as liberações de gases de efeito estufa do país entre 36,1% e 38,9%, projetadas até 2020.
O estudo do Ibram é aderente a essa política e também servirá de guia para que pequenas mineradoras possam adotar políticas de redução de emissões de gases em suas operações.
No geral, a indústria da mineração pode ser considerada baixa emissora, de acordo com o inventário nacional de emissões elaborado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).
Ainda assim, a mineração tem de buscar mais oportunidades de ampliar a eficiência na gestão desse tema.
As principais estão no melhor uso de fontes energéticas e também nos meios de transporte, estratégia que permite reduzir drasticamente as emissões derivadas de transporte de minério pelas rodovias, por exemplo.
Vários projetos das mineradoras intensificam a redução de gases de efeito estufa.
Reduzem o consumo de combustíveis fósseis ao obter maior eficiência em seu consumo e também substituindo-os, sempre que possível, por biocombustíveis.
Há, inclusive, as que utilizam áreas já antropizadas (modificadas pela ação do homem) para cultivar plantas destinadas à fabricação de biocombustível, gerando duplo benefício.
O mapeamento das emissões do setor mineral e a metodologia para atualização permanente desse inventário serão apresentados ao MCT e ao Ministério do Meio Ambiente, como parte das negociações setoriais.

PAULO CAMILO VARGAS PENNA é diretor-presidente do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração).


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