São Paulo, segunda-feira, 02 de maio de 2011

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Consórcios contemplam até cirurgia

Modalidade voltada para serviços como os de saúde e educação cresce e atrai os que têm dificuldade de poupar

Especialista diz que custo é menor que o de um financiamento, mas alerta que parcela é corrigida com o tempo

DE SÃO PAULO

Conhecidos pelas modalidades mais tradicionais, como compra de veículos e imóveis, os consórcios também vêm atraindo quem quer juntar dinheiro para estudar, fazer uma cirurgia ou organizar uma grande festa.
Há cerca de dois anos, entrou em vigor a regulamentação que permite que as administradoras criem grupos para contratar serviços. Essa modalidade tem pouca representatividade no total do setor, mas vem apresentando crescimento acelerado.
A técnica em ótica Cintia Benetti de Souza, 31, comprou duas cotas em um grupo de 36 meses para fazer cirurgias plásticas nas orelhas, seios e abdômen. Deu um lance e foi contemplada no sexto mês do grupo.
"Para mim é difícil juntar dinheiro, e os juros do financiamento são altos. No consórcio, você tem que ter sorte para ser contemplado rápido, mas, como eu não tinha pressa, achei que era a melhor opção", conta.
Ter o dinheiro em mãos para pagar à vista e negociar melhores preços é o objetivo de Alexandra Santos, 30, que está há sete meses em consórcio de serviços para pagar sua festa de casamento. A gerente administrativa assinou o contrato para receber uma carta de crédito de R$ 20 mil.
O grupo em que ela está tem duração de três anos, mas Santos pretende dar um lance para adiantar a contemplação do crédito.
"A vantagem é poder negociar no pagamento à vista, e os juros do consórcio são reduzidíssimos", afirma ela, que calcula estar pagando cerca de 12% de taxa de administração ao ano.
O presidente da Abac, Paulo Rossi, ressalta que a vantagem do consórcio de serviços é a versatilidade.
Se o cliente entrar em um grupo de consórcio para pagar sua festa de casamento, por exemplo, e algo sair errado, ele pode usar esse dinheiro para contratar qualquer outro tipo de serviço.
"Tudo o que estiver no setor está contemplado no consórcio", afirma Rossi.
As cotas da modalidade podem variar entre R$ 1.250 e R$ 38 mil, mas, segundo a Abac, costumam ficar entre R$ 5.000 e R$ 10.000.
O professor de finanças da FGV (Fundação Getulio Vargas), Marcos Heringer, diz que o custo do consórcio é menor que o de financiamento. Mas ele alerta para a correção das parcelas do cotista ao longo do tempo.
No caso dos consórcios de serviços, parcelas e crédito são atualizados anualmente pelo IGP-M (índice de inflação calculado pela FGV).
"Se a pessoa fizer um empréstimo, a taxa de juros vai ser prefixada, ou seja, ela sabe quanto vai pagar de prestação até o final do contrato. Além disso, ele já tem o capital disponível para usufruir do serviço ou do bem."
"No caso do consorciado, ele não sabe quanto vai pagar precisamente todo mês e sua prestação provavelmente vai aumentar. Então ele não sabe qual será o impacto disso no bolso", diz.
"A operação com o consórcio é menos onerosa, mas o risco está com o contratante." (GV)


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