São Paulo, sábado, 02 de julho de 2011

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BNDES exige "entendimento amigável"

Presidente do banco diz a Abilio que investimento depende de negociação entre sócios Pão de Açúcar e Casino

Dilma manifestou a Coutinho preocupação com a repercussão da operação fomentada pelo banco estatal

VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

O governo Dilma Rousseff não vai sustentar uma operação baseada em conflito entre os sócios. O recado foi transmitido ontem ao empresário Abilio Diniz, sócio do Grupo Pão de Açúcar, pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho.
Os dois se reuniram ontem na sede do banco no Rio, um dia depois de Coutinho se encontrar em Brasília com a presidente Dilma para tratar da fusão entre os grupos Pão de Açúcar e Carrefour.
Desde o anúncio da proposta de fusão, que contaria com o apoio do BNDES, o grupo Casino, sócio de Abilio no Pão de Açúcar, criticou as negociações, além de classificá-las de ilegais.
O controlador e presidente do Casino, Jean-Charles Naouri, vai se reunir com Coutinho na próxima segunda-feira no Rio. Ele se recusou a se reunir com Abilio durante a semana.
Segundo a Folha apurou, oficialmente o governo não vai recuar de sua disposição de participar da operação de fusão por meio do BNDES, mas já dá como rejeitada a proposta de Abilio caso o seu sócio francês, o Grupo Casino, não a aceite.
O Casino não aceita o negócio porque, no próximo ano, ele tem o direito de assumir o controle do Pão de Açúcar. Além disso, a proposta de Abilio envolve um concorrente do Casino, o também francês Carrefour.
A presidente Dilma chamou Coutinho para conversa por conta da repercussão negativa do anúncio de que o BNDES poderia injetar até R$ 4 bilhões para viabilizar a fusão entre os dois grupos de supermercados.
Dilma se mostra favorável à operação e deu aval ao enquadramento da proposta pelo banco, primeiro passo para a sua aprovação. Ficou preocupada, porém, com o tom do noticiário sobre o caso, dando conta de que o banco estaria estimulando a proposta e bancando uma disputa entre sócios.

CONTRATO
Na conversa com Coutinho, ela disse que o BNDES não poderia aprovar uma operação que desrespeite contrato assinado com um investidor estrangeiro, no caso o Grupo Casino.
No dia do anúncio oficial da proposta, o banco já havia informado que só aprovaria a operação caso houvesse um entendimento entre os sócios. Dilma orientou Coutinho a reforçar essa posição diretamente com Abilio e Naouri, sócios no Grupo Pão de Açúcar.
O recado foi passado ontem na reunião entre os dois. Segundo assessores, o objetivo da conversa foi deixar "explícita" a condição de que é necessário um entendimento "amigável" de todos os sócios. Condição que já havia sido passada ao empresário brasileiro.
No final da tarde de ontem, o BNDES voltou a soltar uma nota sobre o caso. Disse que reiterava a afirmação de que a aprovação da operação tem de se basear na "premissa de entendimento amigável entre os atores privados".


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