São Paulo, domingo, 02 de outubro de 2011

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Belo Monte está atrasada, afirma agência

Relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica diz que obra está fora do cronograma de construção previsto

Primeira etapa do desvio do rio Xingu deveria ocorrer em junho, mas foi adiado para novembro


Lalo de Almeida/Folhapress
Construção dos alojamentos ainda está no começo; ao fundo, trecho
do rio Xingu


AGNALDO BRITO
ENVIADO ESPECIAL A ALTAMIRA (PA)

A polêmica usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA), maior projeto do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em andamento no país, está atrasada.
É o que revela o último relatório da comissão de fiscalização das obras de geração de energia da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
A demora na obtenção da LI (Licença de Instalação), condição para o início das obras, contribuiu para o atraso. Agora, a preocupação é o "inverno amazônico", período das chuvas, quando parte das obras são paralisadas.
Pelo cronograma da Aneel, a primeira fase do desvio do rio Xingu deveria estar concluída até 30 de junho, mas a data já foi prorrogada para 30 de novembro.
A LI foi concedida apenas no dia 1º de junho. Mas as obras só começaram na segunda quinzena de julho.
Por contrato, a primeira turbina de Belo Monte terá de produzir energia em fevereiro de 2015, sob pena de a Norte Energia (responsável pelo projeto) ter de pagar multa por descumprir essa exigência contratual.
Nos dois canteiros principais (Belo Monte e Pimental), o CCBM (Consórcio Construtor de Belo Monte) ainda está na fase de montagem do acampamento pioneiro.
Essa é a construção que abrigará os trabalhadores que montarão a estrutura para o alojamento definitivo.
Boa parte da obra ainda é tocada em turno único. Por enquanto, o consórcio é obrigado a transportar todos os dias parte dos 1.700 trabalhadores contratados dos canteiros até a cidade de Altamira. É uma operação que toma entre duas e três horas por dia.
Outra frente que avança praticamente em turno único é a abertura do travessão 27, a estrada que ligará os canteiros de obras dentro da Volta Grande à rodovia Transamazônica.
O mês de outubro é praticamente o último do ano sem chuva. A previsão é que até o fim do mês as primeiras precipitações alcancem a região. Com a alta do rio e a elevação da umidade do solo, obras no Xingu ou fora dele tendem a ter o ritmo reduzido.

MÃO DE OBRA
Além da preocupação com o fim do período seco, o consórcio construtor enfrenta dificuldade na contratação da mão de obra.
A meta do CCBM é contratar 5.000 funcionários até dezembro. Para alcançar essa meta, talvez não consiga contratar 40% do contingente na região de Altamira.
Luiz César Moreira e Marcos Sordi, diretores de planejamento e de administração, admitem reduzir esse percentual para 30% apenas, elevando o fluxo migratório.
O consórcio enfrenta o problema da falta de qualificação da mão de obra local e a necessidade de acelerar a obra. Para a formação, a meta é treinar entre 15 e 18 mil pessoas ao longo da obra.
A migração, que já começou, não agrada a Prefeitura de Altamira, que teme os efeitos da explosão populacional numa cidade que nem sequer tem capacidade para suportar as 100 mil pessoas que vivem na zona urbana.


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