São Paulo, quarta-feira, 02 de novembro de 2011

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ANÁLISE COMBUSTÍVEIS

Benefício do biodiesel é oportunidade que o Brasil não pode deixar passar

THAÍS MARZOLA ZARA
ESPECIAL PARA A FOLHA

No momento em que os preços do petróleo voltam a subir, vale a pena relembrar a importância do desenvolvimento do biodiesel brasileiro.
O Programa Nacional de Produção e uso do Biodiesel (PNPB), de 2005, lançou as bases do que seriam os objetivos do governo com relação ao combustível: benefícios sociais (descentralização e aumento da produção de oleaginosas, redução dos problemas de saúde decorrentes da poluição por combustão de óleo diesel), benefícios ambientais (redução das emissões de hidrocarbonetos), benefícios tecnológicos (desenvolvimento do parque industrial) e benefícios mercadológicos (economia de divisas para importação, estímulo ao desenvolvimento regional, garantia de compra de matéria-prima em caso de queda de preço do óleo vegetal).
Contudo, atingir todos esses benefícios não tem sido tarefa fácil. Até hoje, a mistura obrigatória não conseguiu superar 5% do diesel vendido ao consumidor final. Ao mesmo tempo, há problemas ao longo da cadeia, que vão desde a dificuldade no manuseio correto do produto (que tem levado à formação de borra nos tanques e nos caminhões, por exemplo) até dificuldades no estímulo das culturas familiares.
Por isso, a Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio) está trabalhando com o governo para estabelecer metas para um horizonte de dez anos, que envolvem, entre outros, um dos objetivos originais do PNPB, que é a elevação da mistura do biodiesel ao diesel comum do atual percentual para 20%.
Para isso, segundo a Aprobio, seria necessária a redução da carga tributária do setor (que, numa nota de interesse macroeconômico, parece ser a exigência número um de todos os setores da economia), melhoria da qualidade em toda a cadeia, aumento da participação da agricultura familiar e diversificação das matérias-primas, entre outras.
O fato é que, apesar de todo o potencial existente para o desenvolvimento do biodiesel no Brasil, estamos ficando para trás -a Argentina, que começou a produzir depois do Brasil, já é a maior exportadora mundial do produto.
Quando se fala de novas tecnologias de produção de energia, especialmente as mais ecologicamente corretas, o potencial brasileiro é vasto, mas é preciso explorá-lo, sob pena de assistirmos, mais uma vez, o bonde da história passar e sermos deixados para trás.

THAÍS MARZOLA ZARA é economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados e mestre em economia pela USP.


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