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ANÁLISE
Melhora na distribuição de renda vai ditar o ritmo de avanço do consumo
CLAUDIO FELISONI DE ANGELO
ESPECIAL PARA A FOLHA
A crise internacional em
2008 e 2009 que solapou as
bases das principais economias do mundo abalou também o Brasil, porém de modo
muito pouco significativo. A
razão para essa situação absolutamente inédita é que o
país mudou.
A implementação das políticas anticíclicas para suavização dos efeitos depressivos
vindos dos mercados externos, a partir de setembro de
2008, só foi possível em razão desse ambiente.
Para compreender, entretanto, a evolução do consumo e tentar delinear suas
possibilidades é preciso retroceder a 1994, data da edição do Plano Real.
O Real estabeleceu as precondições para o crescimento posterior do consumo.
Sem a estabilidade da moeda, não teria sido possível
avançar.
Na verdade, de 1998 a
2003, o Brasil cresceu pouco
em comparação a outros países emergentes: entre zero e
2,6%. Somente após 2003 é
que a economia passa a registrar crescimento vigoroso.
Boa parte dessa expansão
foi catapultada pelo aumento da disponibilidade de crédito. Entre 2003 e 2009, o volume de crédito em termos
nominais cresceu a taxas
anuais entre 9% e 11%.
Esse ritmo foi sustentado
fundamentalmente por uma
dilatação dos prazos médios
de pagamento. Nesse período, a taxa de juros declinou e
a renda real cresceu.
O avanço do consumo nos
últimos anos é, portanto,
muito compreensível. Entretanto, qual a importância relativa de cada um deles? Esse
aspecto é essencial para que
se possa vislumbrar a evolução futura do consumo.
Um trabalho recente realizado com dados estatísticos
procurou medir a sensibilidade do consumo às alterações da renda e do volume de
crédito. Verificou-se que um
aumento de 1% no volume de
crédito induz ao aumento do
consumo da ordem de 0,1%.
O mesmo aumento de 1%
na renda propicia elevação
do consumo da ordem de
0,75% (Felisoni Consultores). Esse fato explica por que
o crédito ainda é muito caro.
A renda, portanto, é absolutamente essencial para
sustentar o consumo. Porém
não apenas a renda mas também sua distribuição. Melhoras da distribuição de renda e
aumentos da renda real dependem também dos investimentos e do ritmo de evolução dos preços.
O que se pode esperar no
futuro próximo? O Brasil
apresenta condições favoráveis para expansão do consumo. Evidentemente, considerando a ainda baixa renda
per capita e a elevada concentração, é de esperar que o
consumo cresça vigorosamente nos próximos anos.
O atendimento dessa demanda de consumo se dará
em um ambiente muito competitivo, com a presença marcante de novas formas e formatos de comercialização.
Uma superposição de atividades será a marca desse ambiente. O consumidor é o alvo. Esse alvo será perseguido
com menos especialização e
mais tenacidade.
CLAUDIO FELISONI DE ANGELO é
presidente do Conselho do Provar.
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