São Paulo, sexta-feira, 03 de junho de 2011 |
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Rússia barra importação de carnes brasileiras Medida atinge três Estados e praticamente fecha mercado para suínos Brasil exportou US$ 2 bi em 2010 à Rússia, que alegou questões sanitárias; governo levará missão a Moscou TATIANA FREITAS DE SÃO PAULO A Rússia proibiu a entrada no país de carnes brasileiras dos Estados do Paraná, do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso. A medida anunciada ontem, válida a partir do dia 15, pode afetar as exportações do setor, responsável por 18% da receita do agronegócio no mercado externo. A proibição abrange 85 frigoríficos. Entre as empresas afetadas estão as gigantes Brasil Foods, JBS e Marfrig. Em 2010, o Brasil exportou o equivalente a US$ 13,63 bilhões em carnes. Desses, US$ 2 bilhões, o equivalente a 15%, foram para a Rússia. O país alega questões sanitárias para a proibição, mas não detalha quais seriam os problemas. Em meados de maio, durante visita de comitiva brasileira a Moscou, os russos apontaram problemas no sistema de inspeção brasileiro. Mesmo assim, a medida anunciada ontem surpreendeu o mercado. "A medida não tem fundamento. Se há problema sério, por que esperar 15 dias para impedir as importações?", questionou Francisco Turra, presidente da Ubabef (associação de produtores e exportadores de frango). O Ministério da Agricultura também recebeu com "estranheza" a notícia e enviará uma missão a Moscou na segunda quinzena de junho para tentar reverter a proibição. IMPACTOS Os produtores de suínos são os mais prejudicados. Apesar de trabalhar nos últimos anos para diminuir a dependência dos russos, em 2010 cerca de 48% da receita obtida pelo setor no mercado externo ainda veio da Rússia. O corte anunciado ontem afeta 20 frigoríficos de carne suína que estavam autorizados a vender à Rússia. Agora, resta apenas uma unidade habilitada a exportar para lá. A restrição, portanto, praticamente mina o comércio exterior dessa indústria. A Rússia também é o principal comprador da carne bovina brasileira, ao representar 22% das exportações no ano passado. Mas, para Antonio Camardelli, presidente da Abiec (associação dos exportadores de carnes), o setor contornará a medida. "Temos capilaridade, podemos exportar para a Rússia a partir de unidades em outros Estados", afirmou. No caso da carne de frango, que tem como principal destino os países do Oriente Médio, o impacto é menor: cerca de 4% dos embarques são destinados aos russos. A JBS e a Marfrig disseram, em comunicado, que manterão as suas exportações para a Rússia a partir de outras fábricas, dentro ou fora do país. A Brasil Foods não se pronunciou. Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Medida russa pode ser retaliação à oposição brasileira na OMC Índice | Comunicar Erros |
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