São Paulo, sexta-feira, 03 de junho de 2011

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Medida russa pode ser retaliação à oposição brasileira na OMC

Brasil estaria colocando dificuldades à entrada da Rússia na Organização Mundial do Comércio

Russos querem cotas por países para importar carne, o que favorece os EUA e prejudica o Brasil

DE SÃO PAULO

A imposição de restrições às carnes brasileiras pela Rússia pode ter relação com as negociações do país para entrada na OMC (Organização Mundial do Comércio). Após dez anos de negociações, a Rússia quer concluir o processo ainda neste ano.
Segundo a Folha apurou, na terça-feira (31) houve uma reunião em Genebra entre autoridades russas e de países membros da OMC para tratar do tema, mas não houve progressos na relação entre Brasil e Rússia.
Na agricultura, as negociações esbarram na imposição de cotas para importações de carnes. O Brasil se opõe à proposta da Rússia de adotar cotas por países, o que poderia favorecer os EUA.
O Brasil defende uma cota única, sem divisão por países, que seria disputada abertamente pelos exportadores. Nesse modelo, ganharia a maior fatia do mercado russo o país que oferecesse preços mais competitivos.
Segundo a Folha apurou, na reunião desta semana o Brasil mais uma vez apresentou a sua posição -fato que alimenta a especulação de que a medida anunciada ontem seria uma retaliação às dificuldades impostas pelo país nas negociações e, logo, ao aval à Rússia na OMC.
O Ministério da Agricultura não relacionou a medida russa às negociações para a entrada na OMC, mas ressaltou a falta de argumentos técnicos para a restrição.
"Causa estranheza o fato de as medidas terem sido anunciadas sem consistência técnica, repetindo argumentos anteriormente já esclarecidos", disse o secretário de Defesa Agropecuária, Francisco Jardim, por meio de comunicado.
Para ele, a forma como foi anunciada a restrição reforça a sensação de que existem outras motivações para a decisão russa, além das questões técnicas alegadas que já estariam sendo resolvidas.
Segundo o secretário, durante reunião ocorrida em meados de maio entre a Secretaria de Defesa Agropecuária e o Rosselkhoznadzor (agência russa de saúde animal), o Brasil apresentou ao governo russo todas as informações técnicas solicitadas e afirmou que adotaria providências para corrigir problemas apontados pela autoridade russa. (TATIANA FREITAS)


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