São Paulo, sexta-feira, 03 de junho de 2011

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Gasolina e álcool caros favorecem GNV

Depois de três anos de queda, número de adaptações de automóveis para poder circular com gás volta a subir

Metro cúbico é mais barato e permite rodar mais que com álcool ou gasolina; há perda de potência do motor

CIRILO JUNIOR
DO RIO

Gasolina e álcool mais caros abrem cada vez mais espaço para o GNV (Gás Natural Veicular). Dados do IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo ) mostram que, após três anos em queda, o número de conversões vem aumentando desde o início do ano.
Em janeiro, 2.191 veículos foram adaptados para poderem ter o GNV como combustível. Em abril, foram 3.856.
Baseado em consultas com fabricantes de cilindros que armazenam o gás natural nos carros, a expectativa é que o número de conversões tenha passado de 4.000 em maio, diz o presidente da Associação Latinoamericana de GNV, Rosalino Fernandes.
"A procura voltou a aumentar, e estimamos que a demanda permaneça alta no curto e no médio prazos."
A retomada do GNV está ligada ao bolso do consumidor. A procura pelo combustível aumentou à medida que álcool e gasolina foram ficando cada vez mais caros.
O metro cúbico do GNV custa, em média, R$ 1,633, segundo levantamento da ANP (Agência Nacional do Petróleo) feito em postos de 15 unidades da federação. Um metro cúbico dá autonomia de 13 a 14 quilômetros.
Com um litro de álcool, que custa R$ 1,981 médios, um carro roda de 7 a 8 quilômetros. Em abril, o álcool chegou a custar, em média, R$ 2,345 nos postos do país.
Com um litro de gasolina, em média R$ 2,813, a autonomia é de 12 quilômetros.
Deve-se levar em conta que, com o GNV, o desempenho do carro é inferior, com perda de potência do motor.
"O preço justo do álcool deveria ser a metade do GNV", observa Fernandes.
Na loja Gas Imperial, no Rio, o número de conversões diárias mais que dobrou desde o início do ano. Hoje são cerca de oito. "O álcool tem de subir mais", brinca o chefe da oficina, Elvis Coutinho.

"ÉPOCA DE OURO"
O GNV entrou na matriz veicular brasileira no fim da década de 1990. Na época, havia grandes perspectivas de gás no campo de Mexilhão, na bacia de Santos.
O governo passou a incentivar o uso do combustível, e houve um boom de conversões. Era a "época de ouro" do GNV, de 2003 a 2006, quando eram feitas de 7.000 a 8.000 adaptações por mês.
As grandes reservas de gás não se confirmaram, e o país passou por problemas de abastecimento em 2007. Havia o temor de falta do combustível para gerar energia elétrica, e o governo passou a desaconselhar o uso do gás nos veículos.
O resultado foi a redução no número de conversões e o fechamento de lojas.
"Tivemos que reduzir a equipe e diversificar nossos serviços. Muitos concorrentes fecharam. Se não tivéssemos mudado o foco, não teria como manter a loja", avalia a gerente Silvia Lescaut.


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