São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2010

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Meta ambiental vira parte do salário

Crise global faz crescer demanda por forma de governança que liga remuneração de executivos a projetos sustentáveis

43% dos executivos acreditam que riscos ambientais integram análise para novo investimento financeiro

DO RIO

O compromisso com o ambiente já interfere na remuneração dos executivos.
Um grupo seleto de empresas acrescentou à tradicional lista de preocupações da diretoria itens como a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa ou o aumento das vendas de produtos sustentáveis.
É o caso da empresa holandesa AkzoNobel, de tintas e revestimentos, em que parte do pagamento do bônus depende do desempenho ambiental. A empresa foi classificada como líder na área de produtos químicos na última edição do Índice Dow Jones de Sustentabilidade.
Outra empresa holandesa que faz parte do índice, a DSM, incorporou metas não financeiras à fórmula de cálculo da remuneração variável dos executivos.
A prática está se popularizando também entre empresas de energia, como a alemã RWE AG e a britânica National Grid.
Relatório da Ceres, uma rede americana de investidores e organizações ambientais, sugere que os escândalos corporativos e a crise econômica acentuaram a demanda por novas formas de governança, o que garantiu maior espaço para a sustentabilidade na agenda das grandes empresas e dos investidores.

PRÓXIMO PASSO
Para Nancy Kamp-Roelands, coordenadora global de sustentabilidade da consultoria Ernst & Young, a medida faz parte de um quadro mais amplo, em que as empresas ligam o discurso ambiental à definição de metas e aos parâmetros econômicos.
Segundo ela, a próxima etapa da discussão sobre sustentabilidade nas empresas é a disseminação de relatórios integrados de informações financeiras e ambientais, prática já adotada por companhias como Basf e Philips.
"Se uma empresa quer reduzir as emissões de gás carbônico, quanto é preciso investir? Isso pode significar economias de que ordem? Os investidores se interessam mais quando compreendem o impacto financeiro."
Na prática, o investidor poderia acompanhar as metas da empresa, o horizonte em que pretende alcançá-las e os resultados já obtidos.
Uma pesquisa feita pela Ernst & Young com executivos mostra que 43% dos entrevistados afirmam que os analistas incluem fatores de risco relacionados a mudanças climáticas em suas avaliações. Outros 30% dizem que elas serão incorporadas nos próximos cinco anos.
(JANAINA LAGE)


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