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Meta ambiental vira parte do salário
Crise global faz crescer demanda por forma de governança que liga remuneração de executivos a projetos sustentáveis
43% dos executivos acreditam que riscos ambientais integram análise para novo investimento financeiro
DO RIO
O compromisso com o ambiente já interfere na remuneração dos executivos.
Um grupo seleto de empresas acrescentou à tradicional
lista de preocupações da diretoria itens como a redução
das emissões de gases causadores do efeito estufa ou o
aumento das vendas de produtos sustentáveis.
É o caso da empresa holandesa AkzoNobel, de tintas e
revestimentos, em que parte
do pagamento do bônus depende do desempenho ambiental. A empresa foi classificada como líder na área de
produtos químicos na última
edição do Índice Dow Jones
de Sustentabilidade.
Outra empresa holandesa
que faz parte do índice, a
DSM, incorporou metas não
financeiras à fórmula de cálculo da remuneração variável dos executivos.
A prática está se popularizando também entre empresas de energia, como a alemã
RWE AG e a britânica National Grid.
Relatório da Ceres, uma rede americana de investidores
e organizações ambientais,
sugere que os escândalos
corporativos e a crise econômica acentuaram a demanda
por novas formas de governança, o que garantiu maior
espaço para a sustentabilidade na agenda das grandes
empresas e dos investidores.
PRÓXIMO PASSO
Para Nancy Kamp-Roelands, coordenadora global
de sustentabilidade da consultoria Ernst & Young, a medida faz parte de um quadro
mais amplo, em que as empresas ligam o discurso ambiental à definição de metas e
aos parâmetros econômicos.
Segundo ela, a próxima
etapa da discussão sobre sustentabilidade nas empresas é
a disseminação de relatórios
integrados de informações financeiras e ambientais, prática já adotada por companhias como Basf e Philips.
"Se uma empresa quer reduzir as emissões de gás carbônico, quanto é preciso investir? Isso pode significar
economias de que ordem? Os
investidores se interessam
mais quando compreendem
o impacto financeiro."
Na prática, o investidor
poderia acompanhar as metas da empresa, o horizonte
em que pretende alcançá-las
e os resultados já obtidos.
Uma pesquisa feita pela
Ernst & Young com executivos mostra que 43% dos entrevistados afirmam que os
analistas incluem fatores de
risco relacionados a mudanças climáticas em suas avaliações. Outros 30% dizem
que elas serão incorporadas
nos próximos cinco anos.
(JANAINA LAGE)
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