São Paulo, quarta-feira, 04 de maio de 2011

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Presidente da Vivo deve deixar empresa

Incorporação da operadora móvel pela Telefônica cria impasse ao executivo, que perde posição de comando

Roberto Lima recebe convite para ficar, mas deve anunciar hoje saída; Telefônica já contava com decisão

JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

A Telefônica está incorporando a Vivo, e ficou nas mãos do presidente da operadora móvel, Roberto Lima, a decisão sobre sua permanência na nova empresa, que se tornou a maior do país em clientes e faturamento.
Nos bastidores, já estaria certa a saída de Lima.
A Folha apurou que a decisão já teria sido tomada e deve ser anunciada hoje.
Na sexta-feira passada, Lima se reuniu com José María Álvarez-Pallete López, presidente da Telefónica Latinoamérica, no Rio de Janeiro. Durante o almoço, Pallete, como o executivo é conhecido, propôs a Lima que continuasse na empresa.
O problema é que, após a incorporação, Lima perderia o posto de presidente e ficaria subordinado ao espanhol Luiz Miguel Gilpérez, que atualmente comanda o processo de incorporação e deverá assumir a presidência operacional da nova companhia. Antonio Carlos Valente continuaria como presidente institucional do grupo.
Há outros modelos de gestão sendo avaliados, mas em nenhum deles Lima ficaria em posição de comando. E é justamente isso que tornou sua escolha difícil.
Administrador de empresas, Lima foi presidente de diversas companhias e, na Vivo, realizou um trabalho bem avaliado tanto pela PT (Portugal Telecom) quanto pela Telefônica, que dividiam o controle da operadora de celular com 30% de participação cada uma.
Em julho, os espanhóis adquiriram a participação da Portugal Telecom e decidiram fechar o capital da Vivo.
A incorporação acionária foi aprovada na semana passada e a previsão é que, até o final deste mês, as duas operadoras estejam plenamente integradas, com ofertas comerciais conjuntas no país.
Como a Folha antecipou, a marca Telefônica será substituída pelo nome Vivo nas ofertas comerciais.
Com Lima, a Vivo conseguiu reunir todas as empresas que formavam a operadora em uma única estrutura acionária, gerando economia de R$ 1 bilhão por ano.
Também foi o executivo quem conduziu a troca de tecnologia (de CDMA para GSM), em 2007, mudança implementada em pouco mais de um ano sem que fossem feitos gastos excessivos.
Resultado: a Vivo saiu de uma posição de prejuízos, entre 2003 e 2005, consolidando-se na liderança do mercado com 62 milhões de clientes no país.

DILEMA
Após meses de processos de integração na Vivo, Lima ficou diante de um dilema: foi convidado a permanecer, mas não estaria no comando.
Lima acreditava que a incorporação da Vivo pudesse ser como a do Banco Real, adquirido pelo espanhol Santander. Nesse processo, Fabio Barbosa, então presidente do Real, tornou-se presidente do Santander, mantendo a cultura do grupo.
Procuradas, as empresas não quiseram se manifestar.


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