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FINANÇAS PESSOAIS
MARCIA DESSEN - marcia.dessen@bmibrasil.com.br
Pedir dinheiro emprestado é um negócio como outro qualquer
É ampla e exaustiva a cobertura de toda a mídia em
relação às altíssimas taxas de
juros cobradas pelos bancos
nas operações de cheque especial e pelas administradoras de cartões nas operações
de financiamento dos cartões de crédito.
O alto nível dos juros dessa
modalidade de crédito tende
a ser justificado por tratar-se
de um limite pré-aprovado,
sem nenhuma garantia. Como o risco de crédito é alto, a
taxa de juros é elevada.
Sabemos que as instituições financeiras oferecem
outras modalidades de operações de crédito com taxas
menores, como as do empréstimo pessoal e as operações de financiamento para a
aquisição de bens.
São analisadas e aprovadas mediante solicitação do
cliente, que planeja o montante e a forma de pagamento em determinada quantidade de parcelas. Além disso,
oferecem um avalista ou ainda a garantia do bem financiado. Risco menor, taxa de
juros muito menor.
VERGONHA
Então, qual será a razão
que leva milhares de brasileiros a tomar empréstimo mediante a utilização do cheque
especial ou financiando as
faturas do cartão de crédito e
a pagar muito mais caro pelo
dinheiro emprestado?
Vergonha, pode ser a resposta. Tive conhecimento de
uma pesquisa e, apesar de
desconhecer a fonte, achei
muito interessante o diagnóstico que teria apurado
que as pessoas têm vergonha
de ir aos bancos pedir dinheiro emprestado e, por essa razão, utilizam as linhas de crédito pré-aprovadas.
Alegam ser bastante constrangedora a situação de se
colocar na frente de um gerente do banco e, todo sem
jeito, envergonhado, pedir
empréstimo para tentar resolver seus problemas financeiros.
"COMPRAR DINHEIRO"
Pior ainda é ter de explicar
tudo de novo para um amigo,
um colega de trabalho ou um
parente e pedir para que seja
seu avalista nessa transação
financeira.
Para se livrar dessa situação de constrangimento e
não ter de pedir nada para
ninguém, nem para o gerente
do banco nem para o avalista, a pessoa faz uso das linhas de crédito pré-aprovadas pela instituição e paga
um preço muito alto por isso.
Gente, pedir dinheiro emprestado em banco é fazer
um negócio como outro qualquer. Tomar empréstimo
equivale a "comprar dinheiro", mercadoria que você recebe à vista para pagar a prazo, em parcelas, com juros.
É igual comprar geladeira,
TV, carro ou celular. Não tem
diferença nenhuma. O banco
adora quando você procura o
gerente da sua conta e pede
dinheiro emprestado.
Entenda que o banco não
está fazendo um favor ou
quebrando o seu galho quando concede um empréstimo.
Esse é o negócio dele: captar recursos de pessoas ou de
empresas que têm excesso de
dinheiro e emprestar para
pessoas ou para empresas
que têm necessidade de dinheiro para financiar seus
projetos de vida ou seus negócios. Corre riscos e ganha
dinheiro fazendo isso.
GANHA AO RECEBER
Com as administradoras
de cartões de crédito não é diferente. Do portador do cartão elas ganham a anuidade
e os juros quando você financia suas compras.
Do lojista elas ganham um
percentual sobre o valor das
vendas. Ninguém faz nada
de graça para ninguém no
mundo dos negócios.
Utilize o limite do cheque
especial e do cartão de crédito pelo menor espaço de tempo possível. Tempo suficiente para negociar um empréstimo parcelado, que caiba no
seu orçamento, com taxa de
juros competitiva.
E, numa situação de aperto financeiro, procure a empresa credora para renegociar sua operação de crédito.
Para ela é importante que
seu cliente mantenha sua capacidade de pagamento, porque ela não ganha dinheiro
quando empresta -ela ganha quando o cliente paga.
MARCIA DESSEN, Certified Financial
Planner, é sócia e diretora-executiva do
BMI Brazilian Management Institute,
professora convidada da Fundação Dom
Cabral e cofundadora do Instituto
Brasileiro de Certificação de Profissionais
Financeiros.
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