São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2010

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FINANÇAS PESSOAIS

MARCIA DESSEN - marcia.dessen@bmibrasil.com.br

Pedir dinheiro emprestado é um negócio como outro qualquer

É ampla e exaustiva a cobertura de toda a mídia em relação às altíssimas taxas de juros cobradas pelos bancos nas operações de cheque especial e pelas administradoras de cartões nas operações de financiamento dos cartões de crédito. O alto nível dos juros dessa modalidade de crédito tende a ser justificado por tratar-se de um limite pré-aprovado, sem nenhuma garantia. Como o risco de crédito é alto, a taxa de juros é elevada.
Sabemos que as instituições financeiras oferecem outras modalidades de operações de crédito com taxas menores, como as do empréstimo pessoal e as operações de financiamento para a aquisição de bens.
São analisadas e aprovadas mediante solicitação do cliente, que planeja o montante e a forma de pagamento em determinada quantidade de parcelas. Além disso, oferecem um avalista ou ainda a garantia do bem financiado. Risco menor, taxa de juros muito menor.

VERGONHA
Então, qual será a razão que leva milhares de brasileiros a tomar empréstimo mediante a utilização do cheque especial ou financiando as faturas do cartão de crédito e a pagar muito mais caro pelo dinheiro emprestado?
Vergonha, pode ser a resposta. Tive conhecimento de uma pesquisa e, apesar de desconhecer a fonte, achei muito interessante o diagnóstico que teria apurado que as pessoas têm vergonha de ir aos bancos pedir dinheiro emprestado e, por essa razão, utilizam as linhas de crédito pré-aprovadas.
Alegam ser bastante constrangedora a situação de se colocar na frente de um gerente do banco e, todo sem jeito, envergonhado, pedir empréstimo para tentar resolver seus problemas financeiros.

"COMPRAR DINHEIRO"
Pior ainda é ter de explicar tudo de novo para um amigo, um colega de trabalho ou um parente e pedir para que seja seu avalista nessa transação financeira.
Para se livrar dessa situação de constrangimento e não ter de pedir nada para ninguém, nem para o gerente do banco nem para o avalista, a pessoa faz uso das linhas de crédito pré-aprovadas pela instituição e paga um preço muito alto por isso.
Gente, pedir dinheiro emprestado em banco é fazer um negócio como outro qualquer. Tomar empréstimo equivale a "comprar dinheiro", mercadoria que você recebe à vista para pagar a prazo, em parcelas, com juros.
É igual comprar geladeira, TV, carro ou celular. Não tem diferença nenhuma. O banco adora quando você procura o gerente da sua conta e pede dinheiro emprestado.
Entenda que o banco não está fazendo um favor ou quebrando o seu galho quando concede um empréstimo. Esse é o negócio dele: captar recursos de pessoas ou de empresas que têm excesso de dinheiro e emprestar para pessoas ou para empresas que têm necessidade de dinheiro para financiar seus projetos de vida ou seus negócios. Corre riscos e ganha dinheiro fazendo isso.

GANHA AO RECEBER
Com as administradoras de cartões de crédito não é diferente. Do portador do cartão elas ganham a anuidade e os juros quando você financia suas compras. Do lojista elas ganham um percentual sobre o valor das vendas. Ninguém faz nada de graça para ninguém no mundo dos negócios.
Utilize o limite do cheque especial e do cartão de crédito pelo menor espaço de tempo possível. Tempo suficiente para negociar um empréstimo parcelado, que caiba no seu orçamento, com taxa de juros competitiva.
E, numa situação de aperto financeiro, procure a empresa credora para renegociar sua operação de crédito.
Para ela é importante que seu cliente mantenha sua capacidade de pagamento, porque ela não ganha dinheiro quando empresta -ela ganha quando o cliente paga.


MARCIA DESSEN, Certified Financial Planner, é sócia e diretora-executiva do BMI Brazilian Management Institute, professora convidada da Fundação Dom Cabral e cofundadora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros.


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