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Eleição nos EUA agrava temor externo
Analistas temem que a virada política com a vitória de republicanos agrave o deficit orçamentário americano
Classe média deve fazer pressão para que haja manutenção de alguns benefícios, como o de redução de impostos
LIZ ALDERMAN
DO "NEW YORK TIMES", EM PARIS
Enquanto os republicanos
se preparam para afirmar a
autoridade que conquistaram sobre o Congresso dos
EUA, os parceiros comerciais
de Washington se preocupam com a possibilidade de
que a virada política acarrete
novos desafios para a economia mundial.
A despeito de promessas de que conteriam os gastos
do governo e o imenso deficit
orçamentário, a expectativa
é que os republicanos tratarão da ansiedade quanto ao
desemprego e o crescimento
lento pressionando pela
prorrogação dos cortes de
impostos aprovados no governo Bush.
"O restante do mundo não
vê medidas políticas efetivas
para recolocar a economia
dos EUA nos trilhos", disse
Bart van Ark, economista-chefe do Conference Board,
organização que compila dados econômicos.
Manter os impostos em
seu nível atual, relativamente baixo, ajudaria a elevar o
consumo, e uma queda do
dólar ajudaria a tornar as exportações norte-americanas mais competitivas.
Mas os analistas afirmam
que essas soluções seriam só
temporárias e não bastariam
para reverter a queda da influência econômica norte-americana, em um momento
no qual os mercados emergentes superam os industrializados como propulsores do
crescimento mundial.
Um dólar mais fraco, ao tornar as exportações europeias mais caras, também
poderia prejudicar os esforços de recuperação baseados
em comércio exterior.
REFORMAS
Depois que o governo Obama forçou a aprovação de pacotes de reforma da saúde e
do sistema financeiro, os
eleitores começaram a sinalizar que desejavam reduções
nos gastos federais.
O deputado John Boehner,
republicano que deve assumir a presidência da Câmara
em 2011, reiterou sua promessa de reduzir o tamanho
do governo e criar empregos.
Mas essa não é uma tarefa
fácil. Os eleitores querem
manter seus benefícios e esperam reversão dos cortes no
programa de assistência médica federal e prorrogação
nos cortes de impostos que
expiram no final do ano.
Também existe o risco de
que o Congresso, dividido
entre o controle republicano
sobre a Câmara e uma maioria democrata no Senado, termine emperrado em impasse permanente.
O governo Obama está sob
pressão para fechar um acordo quanto aos impostos antes do final do ano, ainda que
não haja consenso sobre as
melhores áreas para cortes,
dizem analistas.
Além disso, se as alíquotas
atuais de imposto de renda
forem prorrogadas por mais
alguns anos, isso poderia elevar o deficit em 1% a 2%, como porcentagem do PIB (Produto Interno Bruto), de acordo com Klaus Günter
Deutsch, analista da Deutsche Bank Research.
Caso Washington termine
por elevar o deficit em lugar
de reduzi-lo, um resultado
seria a maior queda do dólar
diante do euro e de outras
moedas de flutuação livre.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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