São Paulo, quinta-feira, 04 de novembro de 2010

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Eleição nos EUA agrava temor externo

Analistas temem que a virada política com a vitória de republicanos agrave o deficit orçamentário americano

Classe média deve fazer pressão para que haja manutenção de alguns benefícios, como o de redução de impostos

LIZ ALDERMAN
DO "NEW YORK TIMES", EM PARIS

Enquanto os republicanos se preparam para afirmar a autoridade que conquistaram sobre o Congresso dos EUA, os parceiros comerciais de Washington se preocupam com a possibilidade de que a virada política acarrete novos desafios para a economia mundial.
A despeito de promessas de que conteriam os gastos do governo e o imenso deficit orçamentário, a expectativa é que os republicanos tratarão da ansiedade quanto ao desemprego e o crescimento lento pressionando pela prorrogação dos cortes de impostos aprovados no governo Bush.
"O restante do mundo não vê medidas políticas efetivas para recolocar a economia dos EUA nos trilhos", disse Bart van Ark, economista-chefe do Conference Board, organização que compila dados econômicos.
Manter os impostos em seu nível atual, relativamente baixo, ajudaria a elevar o consumo, e uma queda do dólar ajudaria a tornar as exportações norte-americanas mais competitivas.
Mas os analistas afirmam que essas soluções seriam só temporárias e não bastariam para reverter a queda da influência econômica norte-americana, em um momento no qual os mercados emergentes superam os industrializados como propulsores do crescimento mundial.
Um dólar mais fraco, ao tornar as exportações europeias mais caras, também poderia prejudicar os esforços de recuperação baseados em comércio exterior.

REFORMAS
Depois que o governo Obama forçou a aprovação de pacotes de reforma da saúde e do sistema financeiro, os eleitores começaram a sinalizar que desejavam reduções nos gastos federais.
O deputado John Boehner, republicano que deve assumir a presidência da Câmara em 2011, reiterou sua promessa de reduzir o tamanho do governo e criar empregos.
Mas essa não é uma tarefa fácil. Os eleitores querem manter seus benefícios e esperam reversão dos cortes no programa de assistência médica federal e prorrogação nos cortes de impostos que expiram no final do ano.
Também existe o risco de que o Congresso, dividido entre o controle republicano sobre a Câmara e uma maioria democrata no Senado, termine emperrado em impasse permanente.
O governo Obama está sob pressão para fechar um acordo quanto aos impostos antes do final do ano, ainda que não haja consenso sobre as melhores áreas para cortes, dizem analistas.
Além disso, se as alíquotas atuais de imposto de renda forem prorrogadas por mais alguns anos, isso poderia elevar o deficit em 1% a 2%, como porcentagem do PIB (Produto Interno Bruto), de acordo com Klaus Günter Deutsch, analista da Deutsche Bank Research.
Caso Washington termine por elevar o deficit em lugar de reduzi-lo, um resultado seria a maior queda do dólar diante do euro e de outras moedas de flutuação livre.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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