São Paulo, sábado, 04 de dezembro de 2010

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Brasil muda posição e mantém benefício à indústria argentina

Governo quer elevar Imposto de Importação para autopeças produzidas fora do Mercosul

JULIANA ROCHA
SOFIA FERNANDES

DE BRASÍLIA

Depois de ameaçar retaliar a Argentina contra medidas de defesa comercial, o Brasil mudou o discurso e manteve conduta que irá beneficiar a indústria do país vizinho.
Ontem, em reunião em Brasília, o governo anunciou que vai manter o plano de voltar a aumentar o Imposto de Importação de autopeças de fora do Mercosul.
Na prática, a medida beneficia a indústria argentina, que venderá mais para o Brasil sem pagar imposto.
Hoje, mais de 30% da exportação argentina para o Brasil é referente a automóveis e autopeças.
Em junho, o Brasil adotou o chamado redutor, que cortava em 40% o Imposto de Importação de autopeças de fora do Mercosul. O redutor caiu para 20% em setembro e em maio voltará a ser cobrada a alíquota cheia. Os produtos comercializados entre o Brasil e os demais países do bloco têm Imposto de Importação zero.
"Nesse momento, a relação é excelente. Podemos atingir nível recorde de comércio com o país", afirmou o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, ao lado do colega argentino Eduardo Bianchi.
O ministério projeta para 2010 um fluxo de comércio superior a US$ 30 bilhões. De janeiro a novembro, foram US$ 29,55 bilhões, um crescimento de 41,6% em relação ao mesmo período de 2009.
Barral considera até a hipótese de a Argentina ultrapassar os Estados Unidos como segundo maior parceiro comercial do Brasil, ainda em 2011, ficando atrás apenas da China.
Mas todo o clima de amizade demonstrado pelos dois representantes de comércio exterior passou longe da troca de farpas ocorrida no mês passado, depois que a Argentina tomou uma medida antidumping contra a Tupy, uma fabricante brasileira de autopeças.
Na época, o governo brasileiro ameaçou retaliar o vizinho com outras formas de defesa comercial.
Ontem, Barral minimizou animosidades, mas admitiu que foram discutidas as reclamações de setores dos dois países, que se sentem prejudicados no comércio com o vizinho. O Brasil teve quatro casos (automóveis, têxtil, móveis e alimentos) e a Argentina, três.


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