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Brasil muda posição e mantém benefício à indústria argentina
Governo quer elevar Imposto de Importação para autopeças produzidas fora do Mercosul
JULIANA ROCHA
SOFIA FERNANDES
DE BRASÍLIA
Depois de ameaçar retaliar
a Argentina contra medidas
de defesa comercial, o Brasil
mudou o discurso e manteve
conduta que irá beneficiar a
indústria do país vizinho.
Ontem, em reunião em
Brasília, o governo anunciou
que vai manter o plano de
voltar a aumentar o Imposto
de Importação de autopeças
de fora do Mercosul.
Na prática, a medida beneficia a indústria argentina,
que venderá mais para o Brasil sem pagar imposto.
Hoje, mais de 30% da exportação argentina para o
Brasil é referente a automóveis e autopeças.
Em junho, o Brasil adotou
o chamado redutor, que cortava em 40% o Imposto de
Importação de autopeças de
fora do Mercosul. O redutor
caiu para 20% em setembro e
em maio voltará a ser cobrada a alíquota cheia. Os produtos comercializados entre
o Brasil e os demais países do
bloco têm Imposto de Importação zero.
"Nesse momento, a relação é excelente. Podemos
atingir nível recorde de comércio com o país", afirmou
o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, ao lado
do colega argentino Eduardo
Bianchi.
O ministério projeta para
2010 um fluxo de comércio
superior a US$ 30 bilhões. De
janeiro a novembro, foram
US$ 29,55 bilhões, um crescimento de 41,6% em relação
ao mesmo período de 2009.
Barral considera até a hipótese de a Argentina ultrapassar os Estados Unidos como segundo maior parceiro
comercial do Brasil, ainda
em 2011, ficando atrás apenas da China.
Mas todo o clima de amizade demonstrado pelos dois
representantes de comércio
exterior passou longe da troca de farpas ocorrida no mês
passado, depois que a Argentina tomou uma medida antidumping contra a Tupy, uma
fabricante brasileira de autopeças.
Na época, o governo brasileiro ameaçou retaliar o vizinho com outras formas de
defesa comercial.
Ontem, Barral minimizou
animosidades, mas admitiu
que foram discutidas as reclamações de setores dos
dois países, que se sentem
prejudicados no comércio
com o vizinho. O Brasil teve
quatro casos (automóveis,
têxtil, móveis e alimentos) e a
Argentina, três.
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