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Crise europeia ainda não está dimensionada, diz Meirelles
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL
A BUSAN (COREIA DO SUL)
O presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles,
afirmou ontem que a crise
europeia ainda não está totalmente dimensionada e,
portanto, é prematuro prever
o seu impacto na economia
brasileira.
"Não está clara a dimensão da crise europeia. Não está claro quais serão os canais
de transmissão, por exemplo. Serão meramente comerciais? Isto é, haverá uma
diminuição do nível de atividade médio na Europa?",
afirmou Meirelles.
Ele falou em entrevista à
Folha em Busan, na Coreia
do Sul, onde participa até
hoje de reunião de ministros
de Finanças e presidentes de
bancos centrais do G20.
"A primeira coisa é identificar qual é o nível de atividade da Europa e qual é o impacto disso no canal comercial. Existe um impacto certamente no aumento da
aversão ao risco e, portanto,
no aumento do custo de capital", disse Meirelles.
"A questão é saber: o custo vai continuar aumentando, vai estabilizar, vai diminuir?", questiona o presidente do BC.
Questionado sobre se a
crise europeia contribuirá
para desacelerar a economia
brasileira, reduzindo a pressão inflacionária, ele afirmou que considera "um pouco prematuro para uma avaliação definitiva".
CRISE
Meirelles disse que a crise
europeia será um dos temas
centrais da reunião principal
do G20 hoje.
Ele mencionou também a
criação de uma coordenação
de macropolíticas e as reformas do sistema financeiro e
das instituições multilaterais, como o FMI, entre outros assuntos.
A reunião na Coreia do Sul
serve de preparatória para o
encontro de presidentes do
G20 no final deste mês, no
Canadá.
Mas há poucas expectativas entre as comitivas de que
haverá tempo para um acordo para a maior regulação do
mercado financeiro internacional, que vem sendo negociado desde setembro.
Além de Meirelles, a comitiva brasileira tem ainda o
ministro da Fazenda, Guido
Mantega.
Ontem, os dois participaram de uma reunião prévia
do Bric (Brasil, Rússia, Índia,
China), países emergentes
que, entre outros pontos em
comum, defendem dentro do
G20 uma ampla reforma dos
organismos multilaterais.
Meirelles, no entanto, disse que o Bric não atuará de
forma homogênea na reunião de hoje do G20. "Não vamos supervalorizar a posição
dos Brics. É um grupo coordenado, que coopera, tem alguns pontos em comum, mas
não é que a cada ponto o Bric
vota em bloco."
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