São Paulo, sábado, 05 de junho de 2010

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Crise europeia ainda não está dimensionada, diz Meirelles

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL
A BUSAN (COREIA DO SUL)


O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou ontem que a crise europeia ainda não está totalmente dimensionada e, portanto, é prematuro prever o seu impacto na economia brasileira.
"Não está clara a dimensão da crise europeia. Não está claro quais serão os canais de transmissão, por exemplo. Serão meramente comerciais? Isto é, haverá uma diminuição do nível de atividade médio na Europa?", afirmou Meirelles.
Ele falou em entrevista à Folha em Busan, na Coreia do Sul, onde participa até hoje de reunião de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G20.
"A primeira coisa é identificar qual é o nível de atividade da Europa e qual é o impacto disso no canal comercial. Existe um impacto certamente no aumento da aversão ao risco e, portanto, no aumento do custo de capital", disse Meirelles.
"A questão é saber: o custo vai continuar aumentando, vai estabilizar, vai diminuir?", questiona o presidente do BC.
Questionado sobre se a crise europeia contribuirá para desacelerar a economia brasileira, reduzindo a pressão inflacionária, ele afirmou que considera "um pouco prematuro para uma avaliação definitiva".

CRISE
Meirelles disse que a crise europeia será um dos temas centrais da reunião principal do G20 hoje.
Ele mencionou também a criação de uma coordenação de macropolíticas e as reformas do sistema financeiro e das instituições multilaterais, como o FMI, entre outros assuntos.
A reunião na Coreia do Sul serve de preparatória para o encontro de presidentes do G20 no final deste mês, no Canadá.
Mas há poucas expectativas entre as comitivas de que haverá tempo para um acordo para a maior regulação do mercado financeiro internacional, que vem sendo negociado desde setembro.
Além de Meirelles, a comitiva brasileira tem ainda o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Ontem, os dois participaram de uma reunião prévia do Bric (Brasil, Rússia, Índia, China), países emergentes que, entre outros pontos em comum, defendem dentro do G20 uma ampla reforma dos organismos multilaterais.
Meirelles, no entanto, disse que o Bric não atuará de forma homogênea na reunião de hoje do G20. "Não vamos supervalorizar a posição dos Brics. É um grupo coordenado, que coopera, tem alguns pontos em comum, mas não é que a cada ponto o Bric vota em bloco."


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