São Paulo, segunda-feira, 05 de setembro de 2011

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Poupança compensa mais que fundo DI

Investimentos que seguem a taxa básica de juros perdem atratividade; taxa de administração e imposto pesam

Produtos que cobram taxas maiores que 1,5% já deixam de ser competitivos; Tesouro Direto é alternativa


EPAMINONDAS NETO
DE SÃO PAULO

A vida do investidor de renda fixa ficou mais difícil desde a semana passada.
A agressiva redução de juros promovida pelo Banco Central terá impacto direto em alguns dos produtos financeiros mais populares oferecidos pelos bancos, como os fundos DI e os CDBs (Certificados de Depósito Bancário).
Esses fundos, por serem pós-fixados, acompanham de perto a trajetória da Selic: se a taxa básica cair, a rentabilidade vai ser prejudicada.
O mesmo vale para os CDBs do tipo DI ou pós-fixados, que pagam ao investidor uma fatia do chamado CDI, o juro de mercado similar ao juro básico determinado pelo BC.
E, no curto prazo, esse quadro não tende a mudar, pois economistas avaliam que novos cortes da taxa básica de juros estão a caminho.
Uma grande instituição americana já mencionava a taxa Selic a 11% no início de 2012, ante os 12% fixados na quarta-feira passada.
Nesse contexto, as taxas de administração ganham cada vez mais importância para o investidor atento.
Segundo especialistas ouvidos pela Folha, fundos com taxas acima de 1,5% ou 2% já deixam ser competitivos em comparação com a poupança, isenta do IR (Imposto de Renda) e da cobrança desses encargos.
Esse impacto também varia em função do tempo em que o dinheiro está aplicado: até seis meses, a alíquota do IR bate 22%; acima de dois anos, cai para 15%.
Nos grandes bancos, para ter acesso a produtos com uma taxa abaixo de 2%, em geral se exige que o investidor tenha aplicado pelo menos R$ 10 mil. No caso de taxas de 1,5% ou menos, em torno de R$ 50 mil.

IMPACTOS
Para Fabiano Lima, pesquisador do instituto Assaf, o investidor deve ter cautela antes de mexer em suas aplicações.
"Esse quadro de queda dos juros não é garantido. A inflação ainda pode sofrer repiques nos próximos meses", afirma Lima.
"Acho que o melhor conselho para o investidor é que espere mais alguns meses, para ver o que o Banco Central deve fazer, antes de efetivamente movimentar suas aplicações", acrescenta.
Lima lembra dos encargos de saída para mexer nos investimentos: quanto menor o tempo de aplicação do dinheiro, maior a mordida do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) no momento do resgate.
É preciso também ponderar as alternativas: o investidor precisa ter capital suficiente para pedir a migração para um fundo com uma condição mais vantajosa, ou negociar a aplicação em um CDB que pague um percentual maior do CDI.
O professor da Fundação Vanzolini, Ricardo Rocha, sugere dois caminhos para investidores insatisfeitos.
Uma das alternativas é ir para o Tesouro Direto, que oferece menores encargos, mas somente permite resgate semanal das aplicações, em vez de diário, como nos fundos.
A segunda opção é buscar aplicações em bancos de menor porte, que em geral oferecem produtos a custos mais competitivos.
"Nesse caso, ele precisa ficar restrito aos limites garantidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito)", diz.


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