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Governo dobra IOF para conter o dólar
Alíquota de imposto sobre operação financeira sobe de 2% para 4% para estrangeiro que aplica em renda fixa
Taxa de juros elevada e crescimento econômico atraem investidor, mesmo com fim de oferta da Petrobras
Alan Marques - 14.set.10/Folhapress
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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, em Brasília; ele anunciou que alíquota de IOF de renda fixa passa de 2% para 4%
MÁRIO SÉRGIO LIMA
THAIS BILENKY
DE BRASÍLIA
A apreciação do real continuou preocupando o governo mesmo após o encerramento da capitalização da
Petrobras. Ontem, o ministro
da Fazenda, Guido Mantega,
anunciou o aumento da alíquota de IOF (Imposto sobre
Operações Financeiras) incidente em operações de estrangeiros no mercado de
renda fixa brasileiro.
A alíquota passa de 2% para 4% a partir de hoje, mas
não se aplica ao capital estrangeiro em Bolsa de Valores (que segue em 2%), aos
investimentos de brasileiros
em renda fixa (não tributados com IOF) e aos investimentos estrangeiros diretos.
"É exclusivamente para
aplicação fixa porque achamos que há interesse crescente do investidor estrangeiro nessa modalidade."
Segundo Mantega, o fato
de o Brasil ter juros ainda
bastante elevados torna essas aplicações muito atrativas para os investidores externos. "Em renda fixa há essa situação, na qual o investidor toma dinheiro a 2% no
exterior e aplica para um retorno de 10,75% [taxa Selic].
Com a ampliação do IOF, reduz esse retorno e se torna
menos atrativo", disse.
Ontem, o dólar subiu
0,65% e fechou a R$ 1,692.
Segundo o ministro, a expectativa era que, encerrada
a capitalização da Petrobras,
o movimento de valorização
do real reduziria fôlego. Contudo, não foi o que ocorreu.
Segundo o Banco Central,
de janeiro a agosto deste ano,
os investimentos em renda fixa no país já somam US$ 12
bilhões. No mesmo período
do ano passado, esse valor
estava em US$ 3,4 bilhões.
Segundo Mantega, a medida visa reduzir o prejuízo aos
exportadores brasileiros.
Economias emergentes,
como o Brasil, vêm observando entrada de capital externo
devido à boa avaliação, às
perspectivas de crescimento
e às taxas de juros elevadas.
Movimento semelhante
ocorreu no início de 2008,
quando o governo tributou
em 1,5% os recursos estrangeiros para aplicação em títulos e ações. Depois, a alíquota caiu e voltou a subir no
ano passado para 2%.
REPERCUSSÃO
A medida deve assustar o
investidor estrangeiro que
buscava ganho fácil com juros no Brasil, mas poderá não
ter impacto duradouro no
câmbio, segundo analistas.
Para investir por um ano
no país, o estrangeiro levará
agora 2,25% líquidos da inflação de 4,5% -taxa que pode ser insuficiente para cobrir riscos como o cambial.
"Era fato que a taxa de 2%
não estava resolvendo. Mas
4% é alto. O governo resolveu parar de só ameaçar e
partiu para ação", diz Mario
Battistel, da Fair Corretora.
Para Alexandre Schwartsman, economista-chefe do
Santander, a nova intervenção no câmbio terá impacto
semelhante ao visto no ano
passado, quando o dólar
chegou a subir alguns dias e
depois reencontrou sua trajetória de baixa. "[O efeito] Será o mesmo que teve", disse.
Colaborou TONI SCIARRETTA,
de São Paulo
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