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Itaú, BB e Bradesco estão entre maiores emissores de cartão
Bancos estão entre os dez principais do mundo; lucro no Brasil é o dobro da média global, afirma estudo
Avanço da classe média impulsiona setor no país, mas juros altos inibem uso do plástico para financiamento
MARIANA SCHREIBER
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
O crescimento da classe
média no país colocou três
bancos brasileiros entre os
dez que mais emitem cartões
de crédito no mundo, mostra
estudo da consultoria britânica Lafferty Group.
No entanto, observa a consultoria, o cartão de crédito é
usado muito mais como uma
forma de pagamento do que
de financiamento no país.
Devido às altas taxas de juros cobradas aqui em caso de
atraso no pagamento, o hábito de pagar a fatura em dia é
mais comum entre brasileiros se comparado ao de outras nacionalidades.
Apesar de a maioria dos
consumidores evitar pagar
juro de cartão, a lucratividade anual do setor no Brasil é
de US$ 38 por cartão, o dobro
da média mundial (US$ 19),
afirma Peter Kinahan, diretor
de conteúdo da Lafferty.
"Isso ocorre por causa do
alto custo das tarifas e da
grande diferença entre os
custo de captação dos bancos e os juros cobrados dos
consumidores", explicou.
Segundo a consultoria, o
Itaú Unibanco é o sétimo
banco que mais emitiu cartões no mundo no ano passado (38,2 milhões). Bradesco
vem logo atrás, com 35,9 milhões, e Banco do Brasil aparece na décima posição, com
33 milhões de cartões.
Os três bancos responderam por dois terços dos cartões emitidos pelos 50 maiores bancos na América Latina
em 2009. No entanto, concentraram apenas 18% das
dívidas com cartões.
Para o presidente da Abecs
(associação das empresas de
cartões), Paulo Caffarelli, o
fim da exclusividade das
bandeiras, ocorrida neste
ano, deflagrou um movimento de competição que levará
à queda nas taxas de juros e
dos serviços do setor.
Ele acredita que, no futuro, o Brasil poderá ter um
percentual maior de clientes
que entram no crédito rotativo, mas com taxas de juros
bem menores. "A competição vai ser mais acirrada."
Hoje, 75% das compras
com cartão de crédito são pagas no vencimento, estima.
Só a minoria entra no crédito rotativo, cujas taxas médias em agosto eram de 238%
ao ano (10,69% ao mês).
Segundo Caffarelli, a bancarização brasileira passa pelos cartões de débito e crédito. A indústria de cartões
cresce 20% ao ano desde o
início da década, afirma.
"Muita gente não tem conta em banco e já tem um cartão da loja e um cartão de crédito. São 40 milhões de pessoas sem conta em banco."
CARTÕES DE LOJA
Se o levantamento da Lafferty contabilizasse também
os cartões de loja, os bancos
brasileiros estariam ainda
mais bem posicionados entres os maiores emissores do
mundo, afirma Kinahan.
Segundo a Lafferty, existem quatro cartões por habitante no Brasil, somando os
de débito, crédito e de loja.
"É uma das maiores taxas
de penetração do mundo, superando a do Reino Unido
[três por habitante]", disse.
Segundo Kinahan, a crise
diminuiu a disposição das
pessoas em contrair dívidas,
o que fez o cartão de crédito
perder espaço para o de débito na Europa e nos EUA em
2009. No Brasil, onde a crise
foi menos sentida, a emissão
de cartões seguiu crescendo.
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