São Paulo, terça-feira, 05 de outubro de 2010

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Itaú, BB e Bradesco estão entre maiores emissores de cartão

Bancos estão entre os dez principais do mundo; lucro no Brasil é o dobro da média global, afirma estudo

Avanço da classe média impulsiona setor no país, mas juros altos inibem uso do plástico para financiamento

MARIANA SCHREIBER
TONI SCIARRETTA

DE SÃO PAULO

O crescimento da classe média no país colocou três bancos brasileiros entre os dez que mais emitem cartões de crédito no mundo, mostra estudo da consultoria britânica Lafferty Group.
No entanto, observa a consultoria, o cartão de crédito é usado muito mais como uma forma de pagamento do que de financiamento no país.
Devido às altas taxas de juros cobradas aqui em caso de atraso no pagamento, o hábito de pagar a fatura em dia é mais comum entre brasileiros se comparado ao de outras nacionalidades.
Apesar de a maioria dos consumidores evitar pagar juro de cartão, a lucratividade anual do setor no Brasil é de US$ 38 por cartão, o dobro da média mundial (US$ 19), afirma Peter Kinahan, diretor de conteúdo da Lafferty.
"Isso ocorre por causa do alto custo das tarifas e da grande diferença entre os custo de captação dos bancos e os juros cobrados dos consumidores", explicou.
Segundo a consultoria, o Itaú Unibanco é o sétimo banco que mais emitiu cartões no mundo no ano passado (38,2 milhões). Bradesco vem logo atrás, com 35,9 milhões, e Banco do Brasil aparece na décima posição, com 33 milhões de cartões.
Os três bancos responderam por dois terços dos cartões emitidos pelos 50 maiores bancos na América Latina em 2009. No entanto, concentraram apenas 18% das dívidas com cartões.
Para o presidente da Abecs (associação das empresas de cartões), Paulo Caffarelli, o fim da exclusividade das bandeiras, ocorrida neste ano, deflagrou um movimento de competição que levará à queda nas taxas de juros e dos serviços do setor.
Ele acredita que, no futuro, o Brasil poderá ter um percentual maior de clientes que entram no crédito rotativo, mas com taxas de juros bem menores. "A competição vai ser mais acirrada."
Hoje, 75% das compras com cartão de crédito são pagas no vencimento, estima.
Só a minoria entra no crédito rotativo, cujas taxas médias em agosto eram de 238% ao ano (10,69% ao mês).
Segundo Caffarelli, a bancarização brasileira passa pelos cartões de débito e crédito. A indústria de cartões cresce 20% ao ano desde o início da década, afirma.
"Muita gente não tem conta em banco e já tem um cartão da loja e um cartão de crédito. São 40 milhões de pessoas sem conta em banco."

CARTÕES DE LOJA
Se o levantamento da Lafferty contabilizasse também os cartões de loja, os bancos brasileiros estariam ainda mais bem posicionados entres os maiores emissores do mundo, afirma Kinahan.
Segundo a Lafferty, existem quatro cartões por habitante no Brasil, somando os de débito, crédito e de loja.
"É uma das maiores taxas de penetração do mundo, superando a do Reino Unido [três por habitante]", disse.
Segundo Kinahan, a crise diminuiu a disposição das pessoas em contrair dívidas, o que fez o cartão de crédito perder espaço para o de débito na Europa e nos EUA em 2009. No Brasil, onde a crise foi menos sentida, a emissão de cartões seguiu crescendo.


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