São Paulo, quinta-feira, 06 de janeiro de 2011

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ANÁLISE PECUÁRIA

Produção de leite no Brasil carece de planejamento e inovação tecnológica

MARCO AURÉLIO BERGAMASCHI
ESPECIAL PARA A FOLHA

A produção leiteira no Brasil é uma atividade predominantemente extrativista. Ela está baseada na exploração dos fatores de produção, como terra, animais, forragens e mão de obra.
Apesar das muitas alternativas tecnológicas validadas e disponíveis, poucas são incorporadas ao processo produtivo pela falta de conhecimento, de orientação ou por impossibilidade financeira.
Para que haja a especialização da atividade, é necessária a incorporação de técnicas que possibilitem o aumento da produção e da produtividade, seja por meio de área, animal ou homem.
O efeito esperado é o aumento na renda, apesar do maior custo operacional.
Ainda que haja mais dispêndio, os investimentos feitos de forma planejada e coerente trarão impactos positivos ao faturamento e ao lucro.
Os investimentos têm de ser feitos, basicamente, em fertilidade do solo, melhoramento de pastagens, genética animal e alimentação.
O produtor deve ter à sua disposição tecnologia viável e acessível, além de ser bem orientado para desenvolver um planejamento adequado à sua situação.
Por isso, o papel da pesquisa e da extensão rural é de fundamental importância.
Um erro recorrente é o investimento em fatores que não refletirão, necessariamente, em aumento direto na produção de leite, como construções (sala de ordenha e de leite, depósito e áreas com cochos cobertos), máquinas agrícolas, resfriador e ordenhadeira mecânica.
Sem dúvida, esses fatores melhoram a qualidade do leite e devem ser implementados na ocasião oportuna. Mas, em um primeiro momento, haverá comprometimento do fluxo de caixa e da lucratividade.

EFICIÊNCIA
O bom planejamento indica que os investimentos devem ser dimensionados de acordo com a produção.
A ordenha mecanizada só se torna viável a partir de 250 litros de leite por dia. O ponto de equilíbrio na relação produção/homem é de 400 litros.
Produzir com a máxima eficiência e o menor custo é o objetivo dos que se dedicam à pecuária leiteira.
O produtor é tomador de preços, tanto na aquisição dos insumos quanto na venda do seu produto. O grande desafio, portanto, é produzir mais com o custo por litro mais baixo possível.
É preciso lembrar que as margens são pequenas e que o real valorizado favorece a entrada de produtos importados.
Cautela, estratégia e recursos humanos bem treinados são a chave do sucesso de toda atividade econômica, mas imprescindíveis quando se fala em produção de leite.

MARCO AURÉLIO BERGAMASCHI é médico veterinário, doutor e supervisor do Sistema de Leite da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP)


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