São Paulo, quinta-feira, 06 de janeiro de 2011

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JULIO VASCONCELLOS

O que esperar de 2011


A "camada social" vai mudar as formas como buscamos empregos e como fazemos compras

NESTA PRIMEIRA coluna de 2011, eu não poderia deixar de fazer previsões para o ano que está começando. Minhas apostas estão vinculadas não a novos conceitos ou movimentos, mas sim ao aprofundamento de tendências que estiveram no noticiário do ano que passou.
Em primeiro lugar, a chamada "camada social", propiciada pela combinação de redes sociais com outros aplicativos e websites, vai revolucionar diversos campos da internet.
Como ficou evidente pelo número de usuários que atingiu em 2010 e também pelo fato de seu criador ter sido eleito "homem do ano" pela revista "Time", o Facebook é o grande protagonista nessa área. No Brasil, ele ainda está atrás do Orkut, mas creio que por pouco tempo.
O conhecimento propiciado pela "camada social" vai mudar, por exemplo, a forma como buscamos empregos e contratamos pessoas.
Diversas pesquisas mostram que a grande maioria das colocações é obtida por meio das redes de contatos de cada pessoa. Essa realidade vai ser transposta para a web e potencializada. Um número significativo de pessoas serão recrutadas por meio das redes sociais no ano de 2011.
A ideia de confiança entre conhecidos, inerente a redes sociais, pode mudar também a maneira como fazemos compras.
No mundo off-line, as pessoas ouvem a opinião dos amigos e vão com eles aos shoppings na hora de comprar. As redes sociais podem reproduzir e acrescentar a essa experiência. Ganham cada vez mais força os mecanismos de recomendação de compra e compartilhamento de conhecimento, entre conhecidos, a respeito daquilo que foi adquirido.
Os meios de pagamento utilizados para fazer compras também estão sendo afetados por essa "camada social". A detecção de fraudes por meio de redes sociais é um campo incipiente, mas bastante promissor. Nos momentos de análise e concessão de crédito, os dados originados dessa camada também já passam a ser considerados.
As áreas descritas são apenas algumas das muitas que serão impactadas pela expansão das atividades baseadas em redes sociais. Enquanto 2010 foi um ano de consolidação das redes sociais em si, 2011 será um ano em que a "camada social" advinda dessa consolidação vai revolucionar as "indústrias tradicionais" da própria web.
O segundo fato de 2010 com desdobramentos significativos em 2011 foi o surgimento do iPad.
Assim como aconteceu com o iPhone, a Apple não criou apenas um produto, mas todo um ecossistema de desenvolvedores, empresas e consumidores.
O relevante não é o dispositivo em si, mas a revolução que ele iniciou, mudando o modo de fazer negócios de outras indústrias.
Uma vez criada a plataforma para desenvolvimento, a engenhosidade dos desenvolvedores não tem limites. Os aplicativos que já apareceram resolvem problemas que abrangem um leque que vai da indústria editorial, mudando o meio de comercialização de livros-texto de papel para digital (Inkling), até mecanismos de reservas em restaurantes.
Mas isso é apenas o começo. A disseminação dos computadores em forma de "tablet" (iPad e clones) vai trazer, ainda em 2011, mudanças que agora nem sequer podem ser imaginadas.
Minha terceira previsão, como as anteriores, é também um desdobramento de iniciativas (e produtos) que começaram em anos anteriores. Creio que em 2011 teremos o surgimento de um número significativo de "start-ups" brasileiras.
O cenário favorável já está criado pela combinação de muitos fatores. A economia em franco crescimento (há algum tempo) contribui para que haja abundância de capital de risco disponível, seja de origem nacional, seja de origem estrangeira.
O número de usuários brasileiros na internet cresce de maneira acelerada e também já temos os essenciais exemplos, como o Buscapé e outros, que inspiram os jovens empreendedores.
É preciso deixar de lado ambições e produtos meramente locais e pensar grande para fomentar o empreendedorismo e, quem sabe, criar um Vale do Silício nacional.

JULIO VASCONCELLOS, 30, economista, é fundador e presidente-executivo do site de compras coletivas Peixe Urbano. Escreve às quintas-feiras, mensalmente, nesta coluna.

julio.folha@yahoo.com


AMANHÃ EM MERCADO:
Rodolfo Landim


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