São Paulo, segunda-feira, 06 de junho de 2011

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FINANÇAS PESSOAIS

MARCIA DESSEN marcia.dessen@bmibrasil.com.br

Manter carro pode custar até uma semana de trabalho por mês

Carro é, definitivamente, um objeto de desejo de muita gente. Comprar um carro e não depender de transporte público é mais do que uma escolha pelo conforto e liberdade. É também uma demonstração de poder.
Mesmo aqueles que não sabem exatamente o custo de ter e manter um carro sabem que não é barato.
E é provável que aqueles que controlam as despesas na ponta do lápis estejam esquecendo de lançar alguns itens que geram uma despesa maior do que a estimada.
Não sou contra José, que quer comprar o carro, nem a favor de Maria, que preferia fazer outra coisa com o dinheiro. O dinheiro é seu, você sabe como foi difícil ganhá-lo e ninguém melhor do que você para tomar a decisão do que fazer com ele.
Porém, recomendo que a escolha seja consciente e tomada racionalmente, sem paixão, não sem antes detalhar o orçamento da família e quanto o carro consome desse orçamento.
E pensar nas renúncias que estão sendo feitas para acomodar o orçamento exigido pelo carro.
Separe as despesas em dois blocos: (1) as despesas que são realizadas uma vez por ano. Divida o total por 12 para saber quanto deve poupar por mês para criar o fundo de reserva necessário para o pagamento dessas despesas; (2) as despesas mensais.
Some as duas para encontrar o valor mensal que sai do seu orçamento para custear o carro. Divida esse valor pelo seu rendimento líquido mensal para apurar o percentual do total que ele representa.
No quadro nesta página há um exemplo genérico com os principais itens que devem ser listados. Faça a sua lista e apure o custo do seu caso em particular. E lembre-se de dobrar as contas se a família tiver mais de um veículo.
Para complicar e onerar um pouco mais a análise, podemos refletir sobre o custo de oportunidade do seu dinheiro.
O conceito se refere não ao dinheiro que sai do seu bolso, mas ao dinheiro que deixa de entrar porque você decidiu fazer outra coisa com o capital. No nosso exemplo, comprar um carro no valor de R$ 30 mil.
Se José depositasse esse capital na poupança, teria rendimentos de cerca de R$ 180 todos os meses, equivalente a 0,6% sobre o investimento feito.
Se somarmos o custo de oportunidade de R$ 180 (dinheiro que José deixa de ganhar) com a despesa de R$ 810 (dinheiro que sai do bolso dele), chegamos a R$ 990, 25% do salário mensal líquido de José.

"ATIVO" E "PASSIVO"
Uma leitura interessante é dizer que ele trabalha uma semana por mês para pagar as despesas do carro.
E nem dá para usar o argumento de que, em compensação, o carro pode valorizar, gerando ganho na hora da venda.
Carro, embora seja lançado como "ativo" na declaração do Imposto de Renda, mais parece um "passivo" que tira dinheiro do bolso de José e de Maria um dia e no outro também.
Sabemos que transporte público nem sempre é uma alternativa. Utilizar fretado, uma possibilidade.
Abrir mão do segundo carro da família, outra possibilidade. Usar transporte alternativo durante a semana e alugar um carro nos finais de semana, para viajar, uma alternativa interessante que pode ser considerada.
Ou então, deixe tudo como está, ciente dos custos dessa decisão.

MARCIA DESSEN, Certified Financial Planner, é sócia e diretora-executiva do BMI Brazilian Management Institute, professora convidada da Fundação Dom Cabral e cofundadora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros.


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