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Petrobras deve liderar em investimentos
Estatal prevê investir US$ 44 bilhões neste ano, ante US$ 28 bilhões cada de Exxon e Shell, segundo o CBIE
Se esse quadro se concretizar, será o 3º ano consecutivo de liderança; precondição é a capitalização
SAMANTHA LIMA
PEDRO SOARES
DO RIO
O projeto de exploração do
pré-sal e a construção de três
refinarias levarão a Petrobras, pelo terceiro ano consecutivo, à liderança em investimentos entre as maiores petroleiras do mundo -isso se
a capitalização for adiante e a
estatal não perder o grau de
investimento, hoje sob risco.
Com US$ 44 bilhões em investimentos previstos para
este ano, a estatal supera em
57% o que a Exxon e a Shell,
duas das maiores empresas
de petróleo em valor de mercado do mundo, preveem
-US$ 28 bilhões cada.
O levantamento foi feito
pelo CBIE (Centro Brasileiro
de Infraestrutura), a pedido
da Folha.
A Petrobras já havia superado a Exxon em investimentos em 2008 e 2009. A norte-americana aplicou US$ 26 bilhões e US$ 27 bilhões, respectivamente, ante
US$ 29,1 bilhões e US$ 34,7
bilhões da brasileira.
A Petrobras é a 15ª maior
empresa do mundo em termos de produção, reservas e
resultados financeiros, segundo a edição 2010 do ranking da consultoria Petroleum Intelligence Weekly.
Em primeiro e segundo lugares estão a saudita Saudi
Aramco e a Exxon.
As estrangeiras têm desacelerado e até reduzido investimentos devido à crise. A
descoberta de novas reservas
e a construção de refinarias
no Maranhão, Ceará e Rio de
Janeiro levaram a empresa
brasileira à mão oposta.
"É esperado que a Petrobras tenha um plano de investimentos maior porque
tem mais desafios. Mas é possível que não se mantenha
esse volume nos próximos
anos. O número de projetos
vai superar a capacidade da
empresa de geri-los, o que é
um risco", diz Adriano Pires,
presidente do CBIE.
A empresa depende da capitalização para sustentar
seus projetos, já que a maior
parte dos recursos ficará no
caixa da empresa -outra
parte será usada para pagar a
União pela cessão onerosa de
5 bilhões de barris. Estima-se
que a operação levante
US$ 50 bilhões.
Para Victor de Figueiredo,
da corretora Planner, "agora
não é o melhor momento para a Petrobras ir a mercado",
sob o risco de ter de reduzir o
tamanho da operação e o
preço de venda das ações.
O cenário de incerteza já
fez cair o preço dos títulos de
dívida da Petrobras no mercado, segundo Max Bueno,
da Spinelli.
É imperativo para a Petrobras fechar até setembro a
capitalização para não perder o grau de investimento,
já que sua alavancagem (dívida sobre patrimônio) vai
superar o teto de 35% estabelecido por agências de risco.
Mônica Araújo, da corretora Ativa, diz que a petrolífera
pode reduzir investimentos,
dependendo do resultado da
capitalização. "O mau humor
do mercado pode comprometer a operação; e o ritmo
dos investimentos e a manutenção do grau de investimento dependem dela."
A capitalização já recebeu
sanção presidencial e depende, agora, da avaliação do
preço dos barris a ser pago
pela Petrobras.
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