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ANÁLISE AGRICULTURA
Área plantada com milho pode ter nova queda na safra 2010/1
LEONARDO SOLOGUREN
ESPECIAL PARA A FOLHA
O mercado brasileiro de
milho corre o sério risco de
assistir, outra vez, a área cultivada com o cereal ser reduzida no próximo ano-safra.
O excesso de estoque no
mercado doméstico aliado ao
baixo desempenho das exportações deprimiu os preços do grão e reduziu de forma significativa o ritmo das
compras.
Infelizmente, o Brasil não
está participando do excelente momento pelo qual
atravessa o mercado externo.
Preços acima da média
histórica e demanda crescente tornam o mercado atrativo, principalmente para os
EUA, que voltaram a aumentar a área cultivada com o cereal no ano-safra 2010/11 (período compreendido pela
plantação, colheita e comercialização da safra).
Até o momento, nossas
vendas externas estão decepcionantes. O Brasil exportou,
de janeiro a maio, 2,01 milhões de toneladas, ou 57%
menos em relação ao mesmo
período do ano passado.
Para agravar um pouco
mais a situação, a safrinha
brasileira de milho (safra semeada após a colheita da soja e que tem seu desenvolvimento no inverno) promete
ser cheia mesmo diante de
problemas climáticos em Mato Grosso.
Ao que tudo indica, deveremos colher uma safrinha
recorde, acima de 19 milhões
de toneladas.
Com logística de transporte cara e taxa de câmbio desfavorável às vendas externas, o governo anunciou que
apoiará a comercialização de
12 milhões de toneladas de
milho, principalmente através da modalidade de Prêmio
de Escoamento de Produto.
Caso os leilões de PEP obtenham sucesso, há possibilidades de que as exportações possam decolar daqui
para a frente, com resultados
concretos a partir do segundo semestre.
As vendas externas do milho nacional serão fundamentais para sustentar os
preços do cereal em 2010 e
assegurar os investimentos
para a safra 2010/11.
Caso os sinais de melhora
no mercado não se mostrem
claros no momento de decisão dos investimentos, então
deveremos observar mais um
ano de queda na área cultivada com o grão.
Apesar de o cenário de preços para a soja também não
se demonstrar favorável, a liquidez de comercialização e
o fluxo de financiamento do
setor privado para essa cultura tornam esse investimento
mais seguro pela ótica do
produtor rural.
Nesse ambiente, o milho
perde importância em um
mercado doméstico altamente dependente de seu sucesso. É bom lembrarmos que o
Brasil tem o setor produtivo
de carnes mais competitivo
do mundo e que, claramente,
está em plena expansão.
Nesse sentido, a produção
de milho torna-se fundamental para manter o nível de
competitividade das carnes
brasileiras no mercado internacional.
Pelo caminhar dos acontecimentos, poderemos ter redução de oferta no próximo
ano, caso tenhamos nova
queda de área e caso os leilões do governo surtam efeitos no curto prazo.
Pela falta de estímulo à
produção de milho, corremos o risco de, em algum momento futuro, a posição se inverter e o governo, então, terá de adotar medidas para
garantir a oferta de milho ao
setor produtivo de carnes.
LEONARDO SOLOGUREN é engenheiro
agrônomo, mestre em economia e
consultor em agronegócio.
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