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Dólar cai a R$ 1,675 um dia após alta do IOF
Medida "paliativa" para coibir excesso de dólar não tem resultado
Momento do anúncio foi
ruim, quando Japão
zerou taxa de juros; por
desvalorização do dólar,
investidor quer Brasil
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
O mercado de câmbio recebeu com ceticismo ontem o
aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras)
de 2% para 4% para estrangeiros aplicarem em juros
brasileiros. No lugar de subir,
como espera o governo e até
parte do mercado, o dólar retrocedeu mais 1% e desceu
para R$ 1,675 -menor patamar desde setembro de 2008.
O "timing" do governo para subir o IOF e agir contra a
valorização do real não poderia ter sido pior. O Japão praticamente zerou os juros, e as
Bolsas disparam pelo mundo
-na Bolsa de Nova York, o
Dow Jones subiu 1,8% e o
S&P 500 teve alta de 2%.
O mesmo ocorreu com as
commodities (o barril de petróleo subiu 1,7%, para US$
82,82 em Nova York) e as
principais moedas internacionais. O dólar recuou mais
0,8% em relação ao euro.
Diante daquilo que o ministro Guido Mantega (Fazenda) chamou de "guerra
cambial" no mundo, bancos
e demais investidores querem ver o "arsenal bélico" do
brasileiro -o uso do Fundo
Soberano e a venda de derivativos- para lutar contra a
percepção de que a "enxurrada de dinheiro" para os
emergentes seguirá firme.
REALIDADE GLOBAL
Uma das dúvidas é a capacidade de articulação dos
países em desenvolvimento
(a maioria concorrentes) com
os EUA e a Europa para frear
essa realidade de apreciação
das moedas emergentes.
No mercado de câmbio, o
volume de negócios explodiu
ontem e ultrapassou US$ 5,5
bilhões -mais de cinco vezes
o US$ 1 bilhão da véspera.
Pela manhã, a moeda
americana chegou a subir
para até R$ 1,70, mas o avanço não resistiu ao otimismo
nos mercados globais com a
atuação do governo japonês
para estimular a economia.
"O mundo procura se refugiar contra a desvalorização
do dólar. Não é só o Brasil;
procura também commodities, moedas e ações", disse
Alexandre Jorge Chaia, especialista em câmbio do Insper.
O IOF de 4% leva mais da
metade dos ganhos do estrangeiro que compra títulos
públicos por um ano, segundo o matemático José Dutra.
Para ele, a única forma
desse investidor sair ganhando agora é o dólar continuar
caindo em relação ao real
(veja simulação abaixo).
"Esse investidor tem muita
informação e sabe avaliar
bem esse risco", disse.
"O estrangeiro está ganhando menos, mas ainda
leva muito. A gente está esperando até agora o efeito de
quando o governo subiu o
IOF para 2%. Todas as moedas estão se valorizando em
relação ao dólar", disse Mario Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora.
Para Battistel, o governo
"comprou uma briga para
perder". Ele tem notado as
corretoras de câmbio subirem as cotações pouco antes
das intervenções do BC para
vender dólar mais alto à autoridade monetária.
"Há um ano, o governo fez
de tudo para parar o inevitável. Agora volta a insistir na
mesma tecla. O efeito prático
é inócuo", disse Marco Caruso, do Banco Pine.
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