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Risco com câmbio já atinge mais ricos
Países como Japão e Suíça também agem para conter desvalorização; BCE reclama de lenta apreciação do yuan
Tema deve ser abordado em reunião do FMI nesta semana, mas chances de coordenação parecem improváveis
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
As ações recentes do Brasil
para conter a alta do real vêm
sendo apontadas no exterior
como exemplo de uma crescente tendência intervencionista no câmbio por vários
países, com destaque para
Japão e Suíça.
O Japão interveio no yen
em setembro pela primeira
vez em seis anos, vendendo
cerca de US$ 24 bilhões. Antes disso, nos últimos 15 meses até junho, a Suíça quadruplicou suas reservas, para US$ 219 bilhões, visando
frear a subida do franco.
Vários outros emergentes
enfrentam pressões similares
com a queda do dólar. Mas o
risco já chegou também nos
ricos: autoridades europeias
estão preocupadas com a alta do euro, que fragiliza a
competitividade das exportações -umas das poucas
fontes de avanço da região.
O presidente do BCE (banco central da zona do euro),
Jean-Claude Trichet, que esteve reunido ontem com o líder chinês Wen Jiabao, criticou o ritmo lento da valorização da moeda do país asiático desde que deixou de estar
atrelada ao dólar, em junho.
"Não é exatamente o que
esperávamos", afirmou o dirigente. Para ele, uma apreciação mais forte do yuan
contribuiria para o crescimento global "sustentável".
O economista Uri Dadush,
ex-diretor de comércio internacional do Bird, afirma que
as ações unilaterais não são
inéditas -"a coordenação é
que é a exceção"-, mas que
dois fatores levam a situação
atual a ser mais preocupante.
Uma é a crise da UE e a fragilidade do euro; a outra é
que os EUA estão cada vez
mais aflitos com a sua demanda. "Essas duas economias estão muito fracas. Devemos ter políticas monetárias mais frouxas e demanda
baixa por muito tempo."
Os EUA também são acusados de manipulação da
moeda. Ásia e até Brasil criticam a política de juros perto
de zero, que tem efeitos no
fluxo de moeda e no valor do
câmbio em outros países.
"A situação [de eventual
guerra cambial] vai depender da recuperação. Se houver outro mergulho recessivo, vai piorar", disse Dadush.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que vai
pressionar por um novo sistema de coordenação de
moedas internacionais.
O tema deve ser abordado
nesta semana em reunião do
FMI em Washington, mas as
perspectivas de coordenação, parecem longínquas.
"No máximo veremos promessas de políticas de estabilização de demandas domésticas", afirmou Dadush. "
O FMI alertou ontem, em
relatório, para os riscos do
aumento do fluxo de capital
para as economias de diversas regiões, "especialmente
na América Latina".
"Fortes fluxos de capital,
principalmente quando liderados por espírito de manada, podem ter implicações
negativas para a estabilidade
caso sejam seguidos por reversões súbitas ou paradas."
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