|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Justiça francesa condena ex-operador
Jérôme Kerviel, que deu prejuízo de 4,9 bi ao Sociéte Générale em 2008, foi condenado a cinco anos de prisão
Além de ficar preso, ele foi condenado a pagar
o prejuízo ao banco; pelo seu salário, teria de trabalhar 178 mil anos
ANA CAROLINA DANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
O Tribunal Correcional de
Paris condenou a cinco anos
de prisão, sendo três em regime fechado, o ex-operador
de mercado Jérôme Kerviel,
acusado de ter realizado operações fraudulentas que causaram prejuízo recorde de
€ 4,9 bilhões -cerca de R$ 11
bilhões- ao banco Sociéte
Générale, em 2008.
Ele também terá que indenizar o montante integral do
prejuízo causado ao banco,
no que é considerada a mais
severa sentença já pronunciada contra uma pessoa física por um tribunal francês.
Kerviel, que trabalha hoje
como consultor em informática e declara receber € 2.300
por mês, teria de trabalhar
178 mil anos para reembolsar
o prejuízo. Mas, na prática, a
Justiça deve determinar uma
contribuição mensal, levando em conta a manutenção
de um salário para cobrir as
necessidades básicas do ex-operador.
O francês, de 33 anos, foi
declarado culpado por abuso
de confiança, falsificação e
uso de documentos falsos,
além de introdução fraudulenta de dados em um sistema informático.
O advogado do ex-trader,
Oliver Metzner, classificou a
pena de "irracional e inverossímil" e anunciou que vai recorrer da decisão.
Após a decisão da Justiça
francesa, observadores, analistas e especialistas reagiram, considerando a decisão
demasiado severa.
"É como um elefante que
esmaga uma formiguinha.
Não é possível que, numa
fraude desse tamanho, o
banco não seja responsabilizado", opinou à Folha o editor-chefe da editoria de economia da revista francesa
"Le Point", Patrick Bonazza.
Para o advogado Daniel
Richard, especialista na defesa de clientes de bancos,
Kerviel é o "produto de um
sistema perverso que encoraja a especulação, o pagamento de bônus milionários e que
promove o valor do dinheiro
acima de tudo".
Outras vozes também se
levantaram contra a sentença, como a do presidente da
Euroland Finance, Marc Fiorentino, e a do diretor do Instituto Francês de Altas Finanças, Philippe Dessertine,
que, em entrevistas a rádios
francesas classificaram a decisão de "aberrante".
TESE RECUSADA
Durante o processo, a defesa de Kerviel tentou demonstrar que a direção do
banco teria fechado os olhos
para as operações fraudulentas realizadas pelo ex-operador, mas essa tese foi recusada pelo tribunal.
Kerviel, que chegou a movimentar em suas operações
fictícias cerca de € 50 bilhões
-mais do que o patrimônio
líquido do banco-, deve permanecer em liberdade condicional até que seja julgado o
recurso interposto por seu
advogado.
Texto Anterior: Imóvel está nos planos de 40% da classe C Próximo Texto: Número da fraude na França Índice | Comunicar Erros
|