São Paulo, sábado, 06 de novembro de 2010

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China se torna maior cliente de grande explorador de cobre

Americano que achou maior mina do mundo acumula US$ 150 mi

ELLIOT BLAIR SMITH
DA BLOOMBERG, EM NOVA YORK

Nas selvas infestadas de serpentes do sudeste do Equador, o explorador norte-americano David Lowell um dia foi arrastado por uma cascata e ouviu sua cabeça bater contra uma pedra, "como um melão que recebe uma martelada", diz.
Lowell tinha 72 anos e, naquele dia, em maio de 2000, estava prospectando cobre.
Nas águas límpidas do riacho, Lowell diz ter visto indícios suficientes para permitir que localizasse um dos mais ricos depósitos de cobre da América do Sul.
Em maio deste ano, uma joint venture entre estatais chinesas pagou US$ 652 milhões para adquirir a participação dos sócios de Lowell na empreitada. Lowell manteve sua participação pessoal na mina, ainda que oposição local tenha impedido exploração da jazida.
Em uma carreira que abarca seis décadas e 44 países, Lowell fez 14 grandes descobertas, entre as quais a do maior depósito mundial de cobre, no Chile. Revolucionou as técnicas de prospecção e descobriu metais que ajudaram a fazer dos EUA a maior economia mundial. Também obteve milhões em retornos para os investidores em seus projetos.
Agora, a China se tornou a maior cliente. Estatais do país pagaram US$ 1,5 bilhão por duas das maiores descobertas de Lowell: o minério no leito daquele rio equatoriano e uma montanha repleta de cobre no Peru.
Nesta semana, o geólogo está em Hong Kong informando potenciais investidores sobre o que descreve como a maior descoberta mundial de titânio, no Paraguai.
Lowell diz controlar os direitos minerais sobre pelo menos 185 mil hectares daquele país, uma área comparável à de Londres. O dióxido de titânio produz o pigmento usado para tintas e papel.

EMPRESÁRIO
Explorador itinerante que se tornou empresário, Lowell fundou e vendeu duas empresas de capital aberto. Também sobreviveu a ataques de ursos no oeste do Canadá, a insurgentes nas Filipinas e a uma mula homicida na República Dominicana, quando se deixou distrair por uma mulher seminua.
Lowell não pensa em se aposentar, aos 82 anos. Afirma que está comandando projetos de prospecção em cinco países sul-americanos, entre os quais o Paraguai. Ele o faz em geral de seu escritório, em consideração à sua idade, depois de uma vida inteira percorrendo os sertões.
Lowell e seu parceiro John Guilbert estudaram 27 depósitos de cobre pórfiro em todo o mundo. Em 1970, publicaram sua teoria de zoneamento mineral na revista "Economic Geology".
A maior descoberta surgiu uma década mais tarde. Em 14 de março de 1981, escavações confirmaram um grande depósito. Batizada "Escondida", a mina se tornou a maior produtora mundial
A prospecção valeu a Lowell e sua mulher Edith, com quem ele está casado há 62 anos, uma fortuna de mais de US$ 150 milhões, de acordo com entrevistas e documentos apresentados às autoridades regulatórias. Ele afirma que doou a maior parte do dinheiro.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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