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Bancos voltam a tomar máquinas em MT
Associação de produtores diz que cresce número de equipamentos sequestrados por causa de dívida atrasada
Agricultores afirmam que ação prejudicará safra de soja; bancos dizem que analisam os casos individualmente
RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ
Nos últimos 20 dias, agricultores de ao menos cinco
municípios de Mato Grosso
tiveram máquinas e equipamentos agrícolas sequestrados por conta de dívidas vencidas com bancos.
O movimento se intensifica desde agosto, segundo a
Aprosoja (Associação dos
Produtores de Soja e Milho
de Mato Grosso), e pode prejudicar o plantio da safra de
soja 2010/2011.
O caso mais recente ocorreu na sexta da semana passada, quando o Bradesco
apreendeu seis plantadeiras
na fazenda do sojicultor Ailor
Carlos Anghinoni, de Rondonópolis (220 km de Cuiabá).
Com 2.030 hectares já preparados, o agricultor plantou
apenas 25% da área e diz que
corre contra o tempo para recuperar os equipamentos.
"Senti-me traído pelo banco, pois estávamos em meio a
uma negociação. Agora temos que reaver as máquinas,
mesmo que como fiel depositário, ou vamos ficar numa
situação muito difícil", diz.
Ricardo Tomczyk, coordenador da comissão de Endividamento da Aprosoja, diz
que em 2008 os bancos também pressionaram agricultores no período de plantio.
À ocasião, o então governador Blairo Maggi (PR) qualificou a situação como um
"estouro da bolha agrícola".
"Eu tenho certeza de que
se trata de um movimento
deliberado dos bancos, pois
ocorre sempre no pior momento possível. O agricultor,
que precisa plantar, fica sem
saída", afirma Tomczyk.
Segundo levantamento da
Aprosoja nas 20 principais
comarcas do Estado, 792
ações de cobrança foram propostas contra agricultores
pelos quatro principais bancos de fábrica -Case/New
Holland, John Deere, Rabobank e De Lage Landen-
desde 2006.
Neste ano, até 22 de outubro, 233 novas ações haviam
sido propostas, segundo a
entidade. "Os bancos se esquecem de que o financiamento agrícola não é crédito
normal, para a compra de um
eletrodoméstico. Há uma série de proteções legais que
estão sendo ignoradas."
GARANTIAS
Segundo a Aprosoja, a situação é também o resultado
da falta de uma política de
garantias ao produtor.
"O problema do endividamento está sendo jogado para debaixo do tapete", declara Tomczyk.
O Bradesco disse, em nota,
que "procura sempre renegociar as dívidas com seus
clientes". "Cada caso é analisado separadamente."
As assessorias dos bancos
Case/New Holland, Rabobank e De Lage Landen foram procuradas, mas até a
conclusão desta edição ninguém respondeu.
O banco John Deere, em
nota, nega que tenha havido
intensificação nas ações judiciais de cobrança por parte
dos fabricantes e afirma que
"vem negociando as parcelas
em débito caso a caso, de forma transparente, conforme
as composições financeiras
de cada cliente".
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