São Paulo, segunda-feira, 07 de fevereiro de 2011 |
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ANÁLISE Investidores qualificados devem continuar fora do setor JOSÉ ERNESTO MARINO NETO ESPECIAL PARA A FOLHA A indústria hoteleira brasileira tem se desenvolvido lentamente e muitos perguntam a verdadeira razão. Há vários motivos. O primeiro é o fato de ser um negócio de capital intensivo, e capital é o bem mais escasso no Brasil, motivo pelo qual temos a maior taxa de juros do planeta. O segundo é consequência do primeiro: ausência de financiamentos adequados. Não há negócio que se sustente com capital emprestado se o custo é superior ao retorno do negócio. Mas há quem levante a bandeira do investidor qualificado, grandes investidores de hotéis mundo afora. Nesse particular devemos distinguir dois tipos: os fundos de pensão, que visam taxas menores e com negócios de longo prazo, não tiveram boas experiências no Brasil a partir dos anos 90. Talvez não tenham sabido precificar os ativos no momento da compra ou não tenham tido sucesso na gestão do ativo, mas ficaram "mordidos" e não se vê disposição para voltarem ao mercado. Os fundos de "private equity", por outro lado, buscam taxas altas de retorno (geralmente acima de 20% ao ano) e prazo menor (genericamente querem sair do investimento em cinco anos). Isso demanda "alavancagem financeira", ou seja, financiamentos com custos bem baixos e de muito longo prazo (geralmente taxas de juros de 4% ao ano e prazo de financiamento de 25 anos). Sem falar que o mercado deve ser ativo, permitindo facilidade para a venda (liquidez) que deve acontecer em cerca de cinco anos. E esse ambiente não temos no Brasil. Portanto, investidores qualificados deverão ficar fora desse negócio ao menos nos próximos anos. O que vemos é a indústria hoteleira no Brasil se desenvolvendo desde os anos 80/ 90 com capitais de pequenos e médios investidores. Médios investidores são os empresários de sucesso que resolveram colocar valores inferiores a R$ 10 milhões em hotéis econômicos e com gestão de empresas especializadas. Muitos deles têm atingido seus objetivos. Mas são os pequenos investidores que foram e possivelmente serão os motores de novos investimentos. Eles colocam capitais em imóveis de pequeno valor, com mercado secundário desenvolvido (liquidez) e capacidade de pagar benefícios mensais. Os pequenos investidores alocam capitais para negócios que rendam mais que taxas bancárias para compensar a menor liquidez que os CDBs e equivalentes. O juro real no Brasil está em torno de 4% ao ano. A taxa utilizada por esses investidores para precificar esses ativos aponta na direção de 7,5%. O Brasil está carente de hotéis e apenas o tempo vai dizer como serão financiados. JOSÉ ERNESTO MARINO NETO, fundador e presidente da BSH International, é professor de investimentos hoteleiros na Fundação Getulio Vargas e membro emérito do conselho consultivo do Centro de Hospitalidade, Turismo e Esportes da Universidade de Nova York. Texto Anterior: Luxo se adapta à falta de espaço na zona sul do Rio Próximo Texto: Folhainvest Criança aprende finanças na sala de aula Índice | Comunicar Erros |
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