São Paulo, segunda-feira, 07 de fevereiro de 2011

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Criança aprende finanças na sala de aula

Escola ensina estudante a administrar dinheiro da mesada e a fazer poupança para comprar objetos de desejo

Educadores sugerem que pais acompanhem o gasto da mesada, mas não socorram os filhos em apuro financeiro

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

Crianças e adolescentes estão aprendendo na sala de aula como cuidar do bolso.
Temas de finanças pessoais -como administração da própria mesada-farão parte do currículo das escolas públicas a partir de 2012, mas já são desenvolvidos em alguns colégios particulares.
O conteúdo é dosado de acordo com a habilidade da criança de reconhecer números e fazer as operações matemáticas básicas, normalmente no terceiro ano do ensino fundamental.
Nada de ensinar a colocar moeda no porquinho. Na sala de aula, os pequenos são orientados a dimensionar o valor de produtos do dia-dia -lanches, brinquedos, roupas-, atribuir um julgamento -caro, barato, necessário, supérfluo- e discutir qual decisão cabe melhor dentro do seu bolso ou da mesada.
Para exercitar o aprendizado da aula, a criança precisa ter autonomia para administrar uma pequena quantia; não precisa ser uma mesada nem os pais devem se abster completamente de influenciar a decisão.
O importante, segundo os educadores, é que a criança tenha maturidade para fazer escolhas e se responsabilizar pelas consequências do que faz com o próprio dinheiro.
"A mesada é um instrumento de educação financeira que dá trabalho para os pais. Tem que ter disciplina, acompanhar, pagar sempre no mesmo dia, dar o dinheiro trocado e manter o valor combinado; não pode aumentar se o filho tirar nota mais alta. O filho não é um empregado, remunerado por desempenho", disse Cássia d'Aquino, especialista em "finanças infantis" e autora de "Educação Financeira", da coleção Expo Money.
"Mesada é para o pai que pode e quer fazer isso. Mas deve ter regras e uma delas é: se gastar tudo antes do tempo, não vai ter mais. Se usava esse dinheiro para comprar o lanche e acabou antes do tempo, ela vai levar o lanche de casa. Vai ter que ter responsabilidade sobre aquilo", afirmou a escritora infanto-juvenil Maria Cristina Von, que organizou as dicas do site do Santander de finanças pessoais para crianças.

PLANEJAMENTO
Para estabelecer o valor da mesada, os educadores sugerem que o pai se sente com o filho para saber de quanto ele precisa. Depois, deve incluir um pouco a mais para a criança fazer uma poupança de curto prazo para comprar, por exemplo, um brinquedo.
"A criança precisa saber que pode conquistar o que deseja. Quando consegue alcançar um objetivo, tem uma sensação maravilhosa: eu posso, eu consigo e, pensando bem, eu sou bastante bom nisso", diz d'Aquino.
Alguns pais, no entanto, se sentem tão ansiosos com a dificuldade do filho de juntar moedas para conquistar um objetivo distante, como comprar uma bicicleta, que resolvem fazer um aporte extra no cofrinho.
"Esse pai está dizendo ao filho: você não vai conseguir nunca. Você vai sempre precisar do papai para te socorrer", afirmou Cássia.


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